
O tenente-brigadeiro Carlos Baptista Júnior, ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (21/5) que não houve qualquer indício de fraude nas eleições de 2022. Segundo ele, que foi ouvido hoje na Corte em condição de testemunha, as investigações realizadas pelas Forças Armadas demonstraram a lisura do processo, e ele comunicou essa convicção ao então presidente Jair Bolsonaro em diversas ocasiões após o segundo turno.
Apesar das conclusões técnicas, Bolsonaro manteve suspeitas públicas e buscou respaldo externo, recorrendo ao Instituto Voto Legal (IVL), que produziu um relatório alegando falhas na contagem dos votos. Baptista, ao analisar o documento, afirmou ter identificado inconsistências e relatado ao então presidente que o relatório continha possíveis erros e argumentos enganosos, classificando-o como “muito mal escrito” e repleto de “sofismos”.
Em um dos episódios citados, após Baptista apontar problemas no relatório do IVL durante uma reunião no dia 14 de novembro de 2022, Bolsonaro ligou imediatamente para Carlos Rocha, representante do instituto, repetindo tudo que o brigadeiro acabara de dizer. Na ocasião, Rocha permaneceu em silêncio.
O episódio foi interpretado como tentativa de legitimar um documento tecnicamente frágil por meio de pressão institucional. O ex-comandante também mencionou tentativas de interferência indevidas no trabalho da equipe técnica das Forças Armadas.
Um dos casos relatados foi o do coronel Marcelo Câmara, que teria feito uma ligação direta a um oficial de TI do Ministério da Defesa para discutir aspectos sensíveis da fiscalização. Baptista considerou o ato “impróprio” e pediu ao ministro da Defesa que interviesse para evitar novas abordagens desse tipo.
Segundo o militar, todas as teses de fraude — incluindo alegações como “deficiências de programação” nas urnas — foram enviadas à Presidência da República e ao Ministério da Defesa, mas nenhuma se sustentou diante da análise técnica.
“Foram todas rechaçadas pela equipe de fiscalização”, frisou Baptista, reiterando que a FAB não encontrou elementos que comprometessem o resultado das eleições.
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