
Os ministros do Meio Ambiente, Marina Silva, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira, expam publicamente nesta quarta-feira (24/5) as divergências sobre a extração de petróleo na foz do Rio Amazonas. Os dois apresentaram suas visões sobre o tema durante audiências realizadas na Câmara dos Deputados e no Senado e dividiram as atenções no Congresso.
No Senado, Silveira defendeu a posição da Petrobras, responsável pelo projeto, e apontou a dissonância no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não temos e não devemos ter dentro de um governo dois ou três governos. Devemos ter um único governo", afirmou o ministro, que definiu o tema como "estratégico". "Não consigo compreender não haver nas questões estratégicas a possibilidade de superarmos questões burocráticas", declarou.
A Petrobras é a favor da exploração na Foz do Amazonas, enquanto um parecer técnico do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) recomenda o indeferimento do pedido de licença ambiental feito pela companhia. Considerada como "novo pré-sal", a região constitui uma das cinco bacias da Margem Equatorial, que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte e fica próxima à fronteira marítima com a Guiana sa. Como mostrou o Estadão, Marina entrou em confronto com Silveira para barrar o projeto.
- Presidente do Ibama desmente Petrobras sobre distância de perfuração
- Ministra Marina Silva sobre tentativa de desmonte no MMA: "Um desserviço"
O que está em jogo agora, na prática, é uma licença para perfuração, com o objetivo de averiguar o volume de petróleo disponível. Para a exploração em si, a Petrobras precisaria abrir um segundo pedido de licenciamento. Segundo Marina, o processo levaria de dois a dois anos e meio.
Silveira ressaltou que o respeito do Brasil à questão ambiental e legal é indiscutível e que, ainda que haja discussões legais no Congresso Nacional, a atual legislação será "completamente respeitada".
Em entrevista ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que a companhia aguarda uma resposta do Ibama ao pedido de reconsideração da negativa de explorar no local. "É uma chance de ouro que se perde", afirmou.
'Couro'
Na Câmara, Marina reforçou o posicionamento do Ibama. "Esse relatório técnico de dez técnicos do Ibama, todos am que precisa da avaliação ambiental estratégica. Uma avaliação dessa leva de dois a dois anos e meio. E a decisão do governo é a que vamos fazer, sim, a avaliação ambiental estratégica", afirmou.
Em seguida, disse que está tranquila sobre a possibilidade de uma derrota. "O Ibama é que vai julgar. Às vezes a gente perde muito tempo com os atalhos e os atalhos não são bons em determinadas questões", afirmou. "Eu compreendo, estou com 65 anos, comecei essa luta desde que eu nasci. Já apanhei igual a couro de pisar tabaco. Eu prefiro sofrer injustiça a praticar injustiça."
Numa crítica à Petrobras, Marina falou que a empresa deveria não apenas explorar petróleo, mas também deveria atuar no campo da geração de energia. Para ela, o Brasil não pode perder a oportunidade de ser vanguarda na produção de energias renováveis.
Nesta terça, 23, Marina disse que a decisão do Ibama será cumprida. Ainda nesta semana, após Lula indicar ser a favor de estudos para a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, a ministra afirmou que destruir um "presente de Deus" é uma "ingratidão com o criador". O presidente havia dito, durante viagem ao Japão, achar "difícil" não poder explorar a região.
Petrobras promete ampliar estrutura de proteção ambiental
A Petrobras confirmou em comunicado que pedirá ao Ibama para que o órgão ambiental reconsidere a decisão de negar a solicitação da estatal para a perfuração de um poço exploratório de petróleo na Foz do Rio Amazonas.
No pedido, a companhia se compromete a ampliar a base de estabilização de fauna no município de Oiapoque (AP). Assim, segundo a Petrobras, na eventual ocorrência de um acidente com vazamento, o atendimento à fauna poderá ser realizado com mais agilidade.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Saiba Mais
Política
Marco temporal tramitará em regime de urgência na Câmara
Política
MP que esvazia ministério de Marina avança na Câmara
Política
MP do setor de eventos é aprovada após promessa de vetos do governo
Brasil
Minas, Bahia, Paraná e Santa Catarina lideram a derrubada da Mata Atlântica
Ciência e Saúde
Pesquisa mostra importância de áreas verdes urbanas para a saúde
Política
STF não vai anular indenização de Deltan a Lula por apresentação no Powerpoint
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail [email protected].