
Curitiba —No terceiro dia do Congresso Internacional Abed de Educação a Distância (Ciaed), a Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) lançou o selo de qualidade, que certifica instituições de ensino pela aplicação da educação a distância (EaD). O objetivo da medida é apoiar instituições, gestores, avaliadores e demais interessados no desenvolvimento da qualidade do ensino on-line no Brasil.
A avaliação será feita a partir de áreas ou dimensões, que representam os grandes campos que devem ser considerados em um sistema de avaliação ou desenvolvimento da EaD, como gestão, tecnologias, curso e apoio ao estudante.
Apesar de o lançamento da certificação ter sido feito pouco tempo antes do terceiro adiamento do novo marco regulatório da EaD, João Mattar, presidente da Abed, considera o selo como uma medida promissora para a modalidade, já que teve embasamento científico.
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“Estamos encarando isso com otimismo, até porque anunciamos para todos os órgãos do governo que vamos ter um referencial e um selo de qualidade. O documento será um instrumento para dialogarmos mais com o Governo e vai ter características específicas porque ele é validado pela comunidade científica da EaD. Então, entendemos que será uma contribuição.”
Na palestra, também estiveram presentes especialistas em educação de países estrangeiros, como Espanha, Estados Unidos (EUA) e Indonésia, que relataram as respectivas experiências e particularidades com a aplicação dos selos de qualidades nas respectivas regiões.
Importância
Para Jucimara Roesler, consultora da educação, o selo de qualidade pode ajudar na qualificação desses centros de educação. "Há algumas dimensões que vão servir de balizador para as instituições chegarem ao mercado de trabalho”, explica.
Com isso, a especialista acredita que o selo de qualidade pode ser uma contribuição para o setor produtivo. “Com esse documento, as organizações apresentam um atestado de operação de qualidade nas diferentes dimensões que ela se propõe a avaliar, como nos critérios de docente, de tecnologia, e de plataformas”.
Regras específicas
Ángeles Sánchez-Elvira Paniagua, Cátedra Unesco de Educación a Distancia (CUED); representante da European Association of Distance Teaching Universities (EADTU), Open European University (OpenEU) e professora da Universidade Nacional de Educação a Distância (Uned), conta como é avaliação do EaD na Europa. Diferente do Brasil, existe participação da União Europeia para estabelecer padrões mínimos para avaliação da educação a distância “Todas as agências nacionais de qualidade que foram criadas estão ligadas umas às outras, e são reconhecidas para aprovar os programas de qualidade que são usados nas universidades. Cada uma, por sua vez, tem que se adaptar ao próprio contexto e ser aprovada externamente”, acrescenta.
Esses parâmetros são necessários para que as universidades recebam os selos de qualidade. “Na prática, temos que avançar para um modelo maduro de qualidade, no qual a cultura de inovação e qualidade esteja instalada, para que cada instituição promova continuamente a inovação e a melhoria nas áreas que precisam.”
Além disso, ela diz que os indicadores de avaliação são diversos, como por exemplo, no caso da excelência, que existem indicadores que são padrões básicos. “O mais importante é estabelecer um roteiro, um caminho, em que progressivamente você sempre quer melhorar em alguma coisa, porque ninguém é perfeito, e novos desafios estão chegando que temos que enfrentar”, defende.
Treinamento
Farah Bennani, dos EUA, diretora das Parcerias Globais da United States Distance Learning Association (USDLA) e reitora da Elgin Community College, revelou que a equipe que trabalha com EaD adota cerca de 87 critérios de avaliação.
Nesse sentido, ela ressalta que o importante para uma boa EaD está no treinamento para os profissionais para que, tanto o ensino quanto o aprendizado, sejam de qualidade. “Trata de tornar o conteúdo relevante para o aluno, mas, ao mesmo tempo, de fornecer para o professor todas as informações que ele precisa. Porque ensinar on-line é ainda mais difícil que o ensino presencial, e leva mais tempo”, explica.
A diretora reforça a importância de atualização das regras de avaliação de forma constante, pois a tecnologia vai mudando e todo o processo precisa se adequar. “Todos têm que se atualizar sobre o que está mudando na modalidade e na respectiva área, assim como o público está mudando, já que, hoje, estamos completamente diferentes do que há 10 anos.”
Aprendizagem
Mohamad Yunus, presidente da Asian Association of Open Universities (AAOU) e reitor da Universitas Terbuka (UT); e Rahmat Budiman, secretário geral da AAOU, e vice-reitor da UT, explicam que o maior foco da EaD na Indonésia está na aprendizagem do público.
Isso fez com que a UT desenvolvesse um sistema de garantia de qualidade. “As características dos alunos e a formação deles fazem com que eles apareçam com uma forma muito específica de aprender", diz Yanus. Isso começa com os alunos, desde o momento de registro como iniciantes até as tutorias práticas na universidade, o que assegura a participação do estudante em todas as atividades, desde o ingresso. O procedimento também é o mesmo para o Reino Unido.
Essa metodologia é aplicada para garantir que todos os alunos da UPT tenham o adequado à EaD. “Temos alunos espalhados por toda a Indonésia, de cidades a áreas remotas, e até de pessoas que moram no exterior. A existência da garantia de qualidade é essencial para garantir que eles atendam aos critérios estabelecidos pelo governo”, complementa Budiman.
Estagiária sob a supervisão de Ana Sá
Lara Costa viajou a convida da Abed