
No primeiro dia da 30ª edição do Congresso Internacional Abed de Educação a Distância (Ciaed), especialistas da educação debateram sobre a situação do ensino superior on-line no Chile, Equador e Peru. Eles destacam tanto o crescimento da modalidade quanto os desafios para os respectivos países.
A mesa redonda contou com a participação de Oscar Iriani, vice-reitor académico do Instituto Profissional (Instituto Superior de Artes e Ciências da Comunicação — IACC) do Chile; Cristina Díaz de la Cruz, vice-reitora para o Ensino Aberto e a Distância da Universidad Técnica Particular de Loja (UTPL), do Equador e Erika Valdivieso-López, vice-reitora Académica da Universidade de São Inácio de Loyola (USIL) , do Peru. A mediação foi feita por Antonio Carlos Rodrigues de Amorim; diretor de educação a distância do Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Planejamento
Erika Valdivieso-López disse que a USIL recebeu o credenciamento do Conselho de Credenciamento de Educação a Distância depois de um processo rigoroso. Em 2020, ano da pandemia, quando a maioria das escolas, empresas e outros estabelecimentos fecharam, a escola começou a adotar o ensino a distância.
Com a experiência, a vice-reitora defende que a educação a distância, com inserção da tecnologia, deve necessariamente ser centrada na pessoa. “Um modelo educacional deve ser focado no aluno e em quem o acompanha, reconhendo que o aluno está em processo de ser em uma área digital, mas que também olha para os professores". Nesse contexto, ela explica que a universidade fez um plano, em 2021, de execução da educação a distância, considerando os alunos e os professores.
Desafios
Cristina Díaz de la Cruzconta, do Equador, relatou a história da UTPL, a primeira na América Latina a oferecer o ensino a distância. De 40 mil alunos matriculados na instituição, aproximadamente 30 mil estudam a distância. Diante disso, ela cita alguns desafios do EaD na América Latina, como a instabilidade regulatória que tem a ver com o baixo investimento na educação. ”Se queremos realmente que a educação superior na América Latina cresça, desenvolva-se, tem que buscar algumas conexões, talvez, na região para conseguir que esse marco seja estável, seguro e, claro, de qualidade também para tentar definir um caminho que seja para beneficiar a população.
Esse fator, segundo ela, tem a ver com outro aspecto que é a corrida tecnológica, que também afeta os países latino-americanos. ”Nós competimos com o mundo ibérico que é forte em questão de educação e perdemos em algum sentido porque tendemos a achar que eles são melhores.”
Realidade
Segundo dados do Serviço de Informação de Educação Superior (Sies) do Chile, cerca de 31% dos estudantes do ensino superior estão matriculados em instituições de ensino técnico profissional.
No país, o ensino técnico-profissional está subdividido em dois subsistemas: o universitário e o técnico-profissional, que inclui os Centros de Formação Técnica e os Institutos Profissionais, representando 81% dessa matrícula. Além disso, nos últimos cinco anos, o número de matrículas a distância ela ou de 52 mil para 158 mil estudantes — um crescimento de quase 200%.
Diante desses dados, Oscar Iriani reforçou a importância de considerar a inteligência artificial, como um fenômeno do presente e, por isso, incorporá-la nos processos educacionais de forma positiva, aproveitando ao máximo seu potencial na formação dos profissionais e no atendimento aos estudantes.
“Temos que reinventar nossas estratégias de avaliação, porque a IA não pode ser descartada. Precisamos aprender, desenhar novas metodologias, para que a IA seja uma ferramenta de apoio ao estudante, sem substituir sua capacidade de aprender”, defende.