
Os alunos Maria Clara Brum e Luka Braga, do ensino médio da Escola das Nações, e o ex-aluno Gabriel Trindade foram reconhecidos com o Amisa Global Citizenship Grant and Recognition Award, concedido pela American International Schools in the Americas (Amisa) a projetos que geram impacto social e estimulam o engajamento cívico. O prêmio, que inclui uma bolsa de US$ 1.000, foi resultado do projeto Preparing Youth for University Entrance Exams, desenvolvido pelos estudantes em parceria com o Instituto Bahá’í de Capacitação e Desenvolvimento, na comunidade de São Sebastião, no Distrito Federal.
A iniciativa ofereceu mentorias acadêmicas semanais a jovens da região, com foco nas áreas de redação e matemática aplicada, apoiando a preparação para exames nacionais, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Combinando a atuação dos estudantes voluntários e do professor Eli Guimarães, coordenador do Departamento de Português da escola, o projeto promoveu um ambiente acolhedor de aprendizado, resultando na conquista de bolsas integrais em universidades brasileiras por parte de alguns participantes.
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A ação começou em agosto de 2024, quando professores e alunos identificaram a falta de apoio acadêmico entre jovens que se preparavam para os exames de o ao ensino superior, especialmente em redação e matemática. Para suprir essa lacuna, o professor Eli Guimarães, coordenador do Departamento de Português, e três alunos do ensino médio organizaram mentorias semanais com jovens do Instituto Bahá’í.
Maria Clara Brum, 17 anos, uma das vencedoras do prêmio, conta como foi seu processo de voluntariado no projeto. Acostumada a lidar com números, ela decidiu ajudar outros jovens em matemática e encarou a responsabilidade de guiar quem, até pouco tempo atrás, via o sonho da faculdade como algo distante. "Às vezes, quando a gente ajuda os outros, acaba se ajudando muito mais do que imagina”, diz.
Quando olha para trás, Maria Clara resume a experiência em uma única palavra: aprendizagem. Para ela, ensinar foi mais do que ar conteúdo, foi uma oportunidade de crescimento pessoal. “No começo, eu fiquei meio nervosa, porque eles eram mais velhos, já tinham terminado o ensino médio. Mas quando comecei a ajudar, percebi que, mais do que ensinar, eu também estava aprendendo."
Além de coordenador de português na Escola das Nações, Eli Carlos Guimarães, 62, também foi peça fundamental na orientação dos estudantes que decidiram retomar os estudos. Com mais de 40 anos de experiência em sala de aula, o professor foi responsável, principalmente, pelo apoio nas redações, um dos maiores desafios enfrentados por quem busca uma vaga pelo Enem, especialmente para aqueles que ficaram anos afastados da rotina escolar.
“Eles tiveram a maturidade de pedir ajuda, reconheceram que não conseguiriam sozinhos e foram muito firmes nessa decisão. Isso foi o que mais me impactou. É um recomeço difícil, porque eles estavam parados há bastante tempo, mas, com apoio e espaço, conseguiram avançar muito”, lembra o professor.
Para Eli, mais do que ensinar, o processo exigiu sensibilidade. Cada texto corrigido era uma oportunidade de construir confiança, e não apenas de apontar erros. “São pessoas que, muitas vezes, já vêm com uma carga de insegurança. Eu procurava sempre destacar os pontos positivos antes de mostrar o que precisava ser melhorado. Isso faz diferença.”
Ao resumir a experiência, Eli não hesita em escolher a palavra "solidariedade". “Esse projeto é sobre isso. É sobre estender a mão e caminhar junto."
*Estagiária sob a supervisão de Marina Rodrigues