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O que queremos para o futuro dos nossos filhos?

Desenvolver soft skills e competências, tanto em casa quanto na escola, é essencial para o desenvolvimento de crianças e adolescentes, além de trabalhar a resolução de problemas com criatividade e tecnologia

Correio Braziliense
postado em 05/05/2025 15:52 / atualizado em 05/05/2025 15:53
Segundo a SBP, as crianças precisam de supervisão dos pais ao ar redes sociais.  -  (crédito: Design by Freepik (www.freepik.com))
Segundo a SBP, as crianças precisam de supervisão dos pais ao ar redes sociais. - (crédito: Design by Freepik (www.freepik.com))

Por Otoniel Reis*

Quando falamos em educação para os nossos filhos, falamos de investimento. Algumas pessoas matriculam as crianças em aulas de balé, karatê, música, em alguma escolinha de esporte ou até mesmo em algum cursinho de inglês, tudo isso pensando que estão investindo no futuro. 

Tempo depois de começar a frequentar a natação, por exemplo, uma criança que antes não sabia nadar adquire técnicas que nem mesmo os pais são capazes de fazer. Contentes com a evolução, o mais natural é que os pais parabenizem o filho pelo resultado ao mesmo tempo que contam para amigos e familiares a nova “façanha da criança." 

Nesse momento, o resultado atingido a a não ser apenas do aluno, e sim produto da criação do pai ou da mãe. Nos discursos, a frase mais repetida é “o meu filho”, levando para si a causa do sucesso alcançado. O orgulho pela criança acarreta um pouco de vaidade nos pais, e, apesar de ser difícil itir isso, essa é uma verdade que precisa ser trabalhada para voltarmos ao tema inicial: o investimento no futuro das crianças. 

Qual é o futuro que queremos para os nossos filhos? A pergunta pode parecer clichê e, as respostas, mais ainda: “Quero que ele tenha sucesso na profissão que escolher” ou “Quero que ele construa uma família e continue o legado que amos". Mas, para além disso, é preciso observar que o futuro das crianças depende de muitos fatores: estrutura em casa, estrutura na escola, qualidade dos profissionais envolvidos e, acima de tudo, pais e responsáveis que entendam o protagonismo da criança na história dela. 

Sei que não tivemos o mesmo o à educação que eles têm agora. E, sabendo disso, trabalho para construir um legado educacional que priorize algo maior do que as bases conteudistas: a inteligência emocional. 

Com ela, adolescentes e jovens se preparam para o mercado de trabalho ao mesmo tempo em que criam consciência sobre os próprios valores e descobrem-se no mundo sem aquela pressão de já saberem qual carreira seguir pelo resto da vida aos 17 anos de idade (que nós já vivemos um dia). 

Olhar para o filho de verdade e entender quais são as dificuldades que devem ser trabalhadas é meio caminho andado. Deixá-lo trilhar a estrada do conhecimento com as próprias pernas também é eficiente para o processo educacional como forma de transformação na vida de alguém. 

O meu pai me disse certa vez: “Eu posso te dar a bola, a chuteira, o uniforme e o meião. Mas quem joga é você”. E é muito perigoso quando os pais querem entrar em campo e jogar pelos filhos porque os principais momentos da vida de uma pessoa não vão ser ao lado dos pais. 

Sofremos pelos nossos filhos, isso é verdade. Nosso desejo é possibilitar que eles tenham aquilo que nós não tivemos na infância, seja por dificuldades financeiras, seja pela pouca tecnologia na época. Contudo, é importante deixar de lado o saudosismo, as comparações e entender que o mundo já é outro e que as prioridades, também. 

O uso de telas é benéfico para o aprendizado se for em moderação; aprender mais sobre tecnologia vai abrir portas para a criança; estar por dentro dos gastos e ganhos da casa vai ajudar nas tomadas de decisão quando adulto.

Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) mostram que apenas 27% dos estudantes brasileiros alcançam o nível básico de proficiência nos três pilares da pesquisa (matemática, ciência e literatura). O nível alto é atingido apenas por 1%. 

Segundo o Fórum Econômico Mundial, 65% das crianças vão trabalhar em profissões que ainda não existem. O Banco Mundial diz que 96,5% das pessoas não economizam para o futuro, enquanto três em cada quatro pessoas no mundo sentem ansiedade na hora de se comunicar, segundo a Vix. 

Já profissionais fluentes em inglês podem receber entre 47% e 52% a mais se comparado a quem não domina o idioma, diz a plataforma de empregos Catho. Todos esses dados fazem refletir sobre a importância do investimento de habilidades diferenciadas que garantirão boas oportunidades no futuro.

Desenvolver soft skills e competências importantes, como raciocínio lógico, criatividade, senso crítico, liderança e trabalho em equipe, faz parte daquele futuro que tanto prezamos para os nossos filhos. 

A educação brasileira, como sabemos, é muito diferente se comparada a países como Canadá, Finlândia, Alemanha ou Japão. Um dos vários motivos é que, nesses países citados, “sair de dentro da caixa” já faz parte da rotina dos estudantes ainda na educação básica. 

Os últimos resultados do principal exame educacional do mundo, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), refletem isso: de 64 países, o Brasil ficou abaixo da média, figurando na 49ª posição no ranking “Mentes criativas e escolas criativas”. O primeiro lugar ficou com Singapura, com Canadá, Austrália, Finlândia e Dinamarca no top 10. 

Hoje, baseado em uma experiência de alguns anos no ramo da educação, sei que trabalhar a resolução de problemas com o uso da criatividade e da tecnologia em sala de aula fará com que crianças e adolescentes trabalhem a autonomia. Também sei que compreender a lógica financeira fará com que nossos filhos reconheçam o próprio papel na sociedade.

Sei ainda que ter uma comunicação assertiva e eficaz fará com que alunos construam uma jornada de equilíbrio e felicidade nas próprias vidas, além de garantir expansão pessoal e profissional. 

É preciso que a família esteja integrada a tudo isso. Que dê o devido protagonismo aos filhos e o devido “empurrão” que resultará em um futuro próspero e digno. O tão sonhado futuro promissor, atrelado aos investimentos necessários (aqui não falo apenas de dinheiro). E esse é só o começo da jornada.

Otoniel Reis, CEO da Happy, acredita na comunicação assertiva e eficaz para garantir desenvolvimento pessoal e profissional dos estudantes
Otoniel Reis, CEO da Happy, acredita na comunicação assertiva e eficaz para garantir desenvolvimento pessoal e profissional dos estudantes (foto: Divulgação)

*CEO da Happy, escola brasileira de habilidades

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