
O relatório Demografia Médica no Brasil 2025 (DMB), divulgado nesta quarta-feira (30/4), mostrou uma mudança no panorama da medicina. Pela primeira vez, as mulheres alcançaram a maioria entre os profissionais da área, 50,9%. O estudo é uma colaboração do Ministério da Saúde, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e Associação Médica Brasileira (AMB).
A projeção aponta ainda um crescimento mais acentuado até 2035, em que a estimativa é de 55,7% de mulheres e 44,3% de homens entre os médicos. Segundo o estudo, essa tendência é mundial, com crescimento acima de 20% em países como Espanha, Islândia e Bélgica. No Brasil, a participação feminina cresceu em 14% desde o ano 2000.
O estudo destaca ainda que a escalada dos números nos países integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) se deve ao maior número de mulheres nos cursos de graduação em medicina, além da aposentadoria da antiga geração de médicos, majoritariamente masculina.
No entanto, apesar do avanço, ainda é preciso superar problemas de desigualdade de gênero no trabalho. Além de diferenças salariais, mulheres também podem enfrentar barreiras para ocupação de cargos de liderança e ainda são minoria entre os médicos com especialização.
Entre os médicos especialistas, os homens são maioria, 51,4%. A presença masculina é maior em 35 especialidades médicas, enquanto as mulheres dominam 20 categorias entre as 55. A categoria com maior percentual feminino é a dermatologia, com 80,6%. Já na urologia, a proporção é de 27,69 homens para cada mulher.
O levantamento mostra ainda um padrão na busca pelas especializações. No campo das cirurgias, os homens dominam com mais de 80% em cirurgia cardiovascular, da mão, do aparelho digestivo, torácica e neurocirurgia. A exceção é a cirurgia pediátrica, em que as mulheres tem 48%.
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Enquanto isso, a presença feminina se mostrou maior entre especialidades da atenção primária à saúde e voltada a grupos populacionais específicos. Entre elas, estão medicina de família e comunidade, (59,3%), clínica médica (55,5%), pediatria (76,8%), ginecologia e obstetrícia (63,4%) e geriatria (62,1%).
Entre os estudantes, as mulheres já são maioria. Em 2023, a presença feminina nas universidades de medicina alcançou 61,8%.