SUMMIT

"Não temos examinadores suficientes", diz presidente do INPI 

Presidente do INPI, Júlio Castelo Branco, reconhece, em evento do Correio,  que atrasos na decisão de patentes no países que levam mais de três anos e capacidade dos examinadores é de 18 mil, mas existem, em média, 27 mil pedidos estáveis

Julio César Castelo Branco, presidente do Instituto Nacional de Propriedade Privada -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
Julio César Castelo Branco, presidente do Instituto Nacional de Propriedade Privada - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O avanço da propriedade intelectual e de investimentos na área de inovação no país está relacionado à velocidade da concessão de patentes, contudo, esse processo tem um gargalo que a pela concessão de patentes. E, de acordo com o presidente do do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Júlio César Castelo Branco, a capacidade atual do órgão de examinar pedidos é menor do que a demanda. Segundo ele, existem 27 mil pedidos estáveis, mas a capacidade é de até 18 mil, o que gera atrasos de três a quatro anos, em média, mas há casos que chegam até a 15 anos. 

“É muito útil para o sistema de propriedade industrial do Brasil que tenhamos esse tipo de discussão. O INPI não está aparelhado para dar a resposta que as indústrias precisam”, afirmou Castelo Branco, nesta terça-feira (29/4), no segundo do Summit  Propriedade Intelectual: Desafios e avanços na proteção da inovação”, realizado pelo Correio Braziliense em parceria com a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma).

Um dos gargalos apontados pelo presidente do INPI é a falta de pessoal. No ano ado, ele pediu ao governo federal a contratação de 120 pessoas e conseguiu a autorização para apenas 40.  “Não temos examinadores suficientes. E não é chororô não. A conta é clara. Eu tenho 27 mil pedidos de patentes entrando no Brasil estáveis ao longo dos últimos oito anos e a nossa capacidade de decisão é de 18 mil. Sim, ela já foi maior, de 27 mil a 28 mil, quando a gente não estava atacando o backlog”, explicou Castelo Branco, em referência ao Projeto de Combate ao Backlog, de 2019.

O projeto visa a redução do número de pedidos de patente de invenção com exame requerido e pendentes de decisão em um período de dois anos. Contudo, Castelo Branco reconheceu que existem 1.500 pedidos aguardando uma decisão há 15 anos, o que atrasa o desenvolvimento do país. 

“Hoje a indústria produz no Brasil praticamente o mesmo que a indústria pirata coloca no mercado brasileiro sem pagar impostos. E, por isso, a gente precisa reforçar o INPI. E, para isso, precisamos ter mais gente”, defendeu o presidente do INPI. Segundo ele, o pesquisador do instituto se paga, porque arrecada, em média, R$ 1 milhão, e custa R$ 300 mil por ano. 

O presidente do INPI também defendeu mudanças na legislação, desburocratizando a definição das patentes. Ele deu um exemplo de um tipo de patente mais demorado, o de modelo de utilidade, que não entra nos Estados Unidos. “Os EUA não possuem esse tipo de modelo. E é preciso uma harmonização neste aspecto. A patente norte-americana entra no Brasil pelo processo de aceleração de patentes. Mas a patente do modelo utilitário do Brasil não chega nos Estados Unidos”, lamentou.

Por conta desses atrasos e da insegurança jurídica, Castelo Branco reconheceu que o Brasil acaba não sendo um país procurado para ser utilizado como um depósito de patentes.  “Mas o país tem um potencial de crescimento nessa área”, garantiu. 

Assim como os demais debatedores do , o presidente do INPI reconheceu que a agilidade na decisão sobre patentes é o principal gargalo para o desenvolvimento tecnológico no país. Ao ver dele, a simplificação na burocracia e a ampliação de pessoal podem ajudar nesse processo de concessão de patentes, a fim de garantir a proteção sem causar insegurança jurídica. 

Castelo Branco ainda defendeu a aprovação do Tratado de Budapeste – acordo internacional que reconhece o depósito de microrganismos para registros de patentes –, que está sendo analisado no Congresso,  a fim de acelerar os processos de validação de patentes no país, assim como contribuir para a redução da pirataria também. “A gente quer jogar o jogo, mas tem que ser um jogo justo. E, para isso, precisamos ter um mercado legalizado”, frisou.

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postado em 29/04/2025 15:00 / atualizado em 29/04/2025 22:08
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