
No 16º livro de Diego Mendes Sousa, Brasília apareceu no horizonte poético do autor piauiense não como inspiração, mas na condição de responsável pela "saudade da terra natal". Parnaíba e suas águas são o grande tema dos poemas de A borda do mar de Riatla, que serão lançados na sexta-feira (30/05), no Sebinho Cultura e Gastronomia, a partir das 17h. O evento terá apresentação de Roberto Nogueira Ferreira, sessão de autógrafos e sarau.
Advogado, jornalista e escritor radicado na capital federal há um ano, Sousa tem poesia na árvore genealógica. Sobrinho neto de Ferreira Gullar, ele acredita que "transmitir sensibilidade" define a razão de ser dos poetas. "Nasci com isso em mim. Poesia é vocação, uma magia fascinante que nos é concedida", assegura.
Nos novos poemas, escritos em Brasília, o autor cria a própria Pasárgada, lugar utópico, misto de sonho e de memórias. "Riatla é um enigma. Também é uma invenção geográfica, o casamento entre o rio e o peso do mundo. É um símbolo mitológico da filosofia ocidental, cuja origem é o deus Atlas", esclarece o autor.
Influências de Rilke a Torquato Neto nos versos de Diego Mendes Sousa exibem as dimensões local e universal que atravessam a obra. Quando fala do Piauí, Sousa reflete acerca da experiência humana. "Parnaíba me deu essa herança de poeta de geografia. Um lugar marítimo e fluvial que revive no meu imaginário de criador de linguagem."
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Ao se encontrar com a infância e a inocência, nesse retorno imagético à terra natal, o piauiense atinge ponto comum a qualquer pessoa. "Mergulho a cabeça/ os sentidos/ [as orelhas, os olhos,/ a boca, o nariz, as mãos,/ ah, as memórias…]/ e os pés d'água/ na infância/ feito raiz/ a perfurar o solo genesíaco/ do meu berço/ de sentimentos", escreve o poeta, na primeira estrofe do poema Origem.
A borda do mar de Riatla conta, ainda, com reproduções de pinturas de Paul Gauguin. "Queria que esse livro se tornasse um objeto de arte", detalha Sousa. "Abracei Brasília como se fosse minha. É uma terra fecunda para desenvolver a arte em seus diversos aspectos", conclui o autor.
*Estagiário sob supervisão
de Severino Francisco
A borda do mar
de Riatla (Mandu Ladino, 2025)
De Diego Mendes Sousa. Sexta-feira (30/05), às 17h, no Sebinho Cultura e gastronomia (406 Norte)