Agência -Presse
postado em 24/11/2017 12:26

Mar del Plata, Argentina - Seis barcos e três aviões patrulhavam nesta sexta-feira (24/11) a zona de uma explosão no Atlântico Sul onde pode ter desaparecido o submarino argentino "ARA San Juan", mas não há mais esperanças de achar seus 44 tripulantes com vida.
"Temos que encontrar o submarino no fundo do mar. A zona é grande, o meio é hostil e a busca é muito difícil", afirmou o porta-voz naval, capitão de navio Enrique Bibal, ao dar o primeiro boletim diário. A Armada anunciou nesta quinta-feira o registro de um ruído violento e repentino compatível com uma explosão no Atlântico, horas depois do último contato do "ARA San Juan" com a base em 15 de novembro.
[SAIBAMAIS]O relatório coincide com a informação recebida dos Estados Unidos na quarta-feira a respeito de uma "anomalia hidroacústica detectada na quarta-feira, 15 de novembro, às 10H31" (11H31 de Brasília)", cerca de três horas após a última comunicação do ARA San Juan" com sua base.
A confirmação da explosão também coincide com as hipóteses levantadas de que o submarino sofreu um acidente repentino logo após sua última comunicação, quando avisou a base sobre uma avaria nas baterias.
Uma explosão repentina em imersão poderia explicar a ausência de sinais de emergência, como liberar balsas, ou radiobalizas para ajudar no resgate, como indicam os procedimentos navais habituais. A notícia causou revolta aos parentes dos tripulantes e a sensação de que a embarcação agora não a de um túmulo no fundo do mar.
"Quero dizer ao almirante (Marcelo Srur, chefe naval) que ele não está em condições de ter uma força sob seu comando, que deve ir embora, e ao presidente (Mauricio Macri) que ponha ordem nisso", reclamou María Rosa Belcastro, parente de um tripulante falando à imprensa em Mar del Plata (400 km ao sul da capital), a cuja base naval a embarcação deveria ter chegado na segunda-feira.
O ministério da Defesa não se pronunciou, mas fontes citadas pela imprensa local falam que vão rolar cabeças nos altos comandos da Armada, a Marinha de Guerra argentina.
Tristeza
Pais, mães, filhos e irmão protagonizaram na véspera cenas comoventes ante a notícia da explosão. A maioria se negou a falar com os jornalistas e deixou discretamente a base naval para chorar seus entes queridos na intimidade. Mas muitos parentes não ocultavam sua revolta ante o que consideraram uma informação de que todos os tripulantes estariam mortos.
A versão oficial da Armada diz textualmente: "Tratou-se de um evento anômalo, singular, curto e não nuclear consistente com uma explosão. Está faltando saber onde está o submarino e a que profundidade".
As buscas se intensificaram nesta zona com navios oceanográficos com sondas de varredura e aviões com detectores magnéticos. Cerca de 4.000 efetivos procuram o "ARA San Juan" em navios e aviões da Argentina, Alemanha, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, França, Noruega, Peru, Reino Unido e Uruguai.