POLÍTICA

Em interrogatório, Paulo Sérgio Nogueira pede desculpas por ataque ao TSE

Ex-ministro da Defesa disse que estava lidando com "inimigo" ao se referir a Corte Eleitoral durante reunião ministerial de 2022. No Supremo, ele se retratou e elogiou urnas

Interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) -  (crédito:  Ed Alves CB/DA Press)
Interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) - (crédito: Ed Alves CB/DA Press)

Ex-ministro da Defesa, o general Paulo Sergio Nogueira se desculpou publicamente com o ministro Alexandre de Moraes, ministro relator da ação penal da tentativa de golpe de Estado, por ataques ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2022. Em interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10/6), o militar defendeu as urnas eletrônicas e se retratou por “palavras mal colocadas”.

Em reunião ministerial em julho de 2022, o então ministro Paulo Sérgio Nogueira afirmou que a pasta estava na "linha de contato com o inimigo" ao participar da comissão eleitoral do TSE.

"Inicialmente, presidente, eu queria me desculpar publicamente por ter feito essas colocações naquele dia", disse o ex-ministro.

O réu também elogiou o trabalho de Moraes no comando da Corte Eleitoral em 2022. "As coisas melhoraram sensivelmente (na comissão). A ascensão de vossa excelência no TSE melhorou a nossa vida, como a implementação do teste de integridade das urnas”, afirmou.

A participação dos militares na comissão ocorreu a convite do então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso. O objetivo era dar mais transparência ao processo e de evitar questionamentos do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre o sistema de votação.

No interrogatório, Paulo Sérgio Nogueira também negou a existência de uma minuta sobre supostas fraudes nas urnas, e que nunca tomou conhecimento ou recebeu o documento. "Simplesmente esse documento até hoje eu não sei do que se trata", declarou. "Não houve reunião, não levei o relatório para o presidente . O presidente da República jamais me pressionou", completou.

Pressão por relatório 

Segundo o delator, tenente-coronel Mauro Cid, o ex-presidente Jair Bolsonaro estava focado em encontrar uma fraude nas urnas eletrônicas para provocar o caos social e convencer os comandantes das Forças Armadas a aderirem ao plano para reverter o resultado das eleições de 2022 — em que sua chapa com o general Walter Braga Netto, também réu na ação penal, saiu derrotada.

Cid disse no STF que Bolsonaro esperava encontrar uma fraude nas urnas para justificar uma intervenção militar no país. Por esse motivo, o ex-chefe do Executivo pressionava o general Paulo Sergio Nogueira, ex-ministro da Defesa, por um relatório duro indicando as possibilidades de fraude no pleito.

Em 2022, Paulo Sérgio Nogueira enviou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um parecer técnico dizendo que não era possível afirmar que o sistema eletrônico era 100% confiável. Os militares faziam parte da comissão de transparência criada pela própria Corte para fiscalizar o pleito.

Jair Bolsonaro foi interrogado nesta segunda-feira no STF sobre a trama golpista. Mais cedo, Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça) e Augusto Heleno (ex-ministro do GSI) responderam aos questionamentos de Moraes, da PGR e dos advogados sobre a ação penal. Os últimos interrogatórios são dos ex-ministros Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.

postado em 10/06/2025 18:12
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