
O cartório do futebol registra a certidão de nascimento original de um torneio internacional entre clubes da América do Sul e da Europa em 1960, batizado de Copa Intercontinental. Há controvérsias. Uma romaria de clubes brasileiros reivindica à Fifa títulos de torneios embrionários. Palmeiras e Fluminense pedem o reconhecimento das conquistas nas Copa Rio de 1951 e de 1952, respectivamente. A versão de 1953 mudou de nome para Torneio Octogonal Rivadávia Corrêa Meyer. O Vasco levou a taça. O Bangu cobra a chancela da International Soccer League de 1960, em Nova York. O Botafogo julga ser o vencedor do Torneio Triangular de Caracas.
A Copa Intercontinental manteve o nome até inaugurar a era do naming rights. Em 1980, ou a se chamar Copa Toyota, com investimento dos japoneses. O chamado Projeto Tóquio perdeu a força com o ensaio de um Mundial de Clubes paralelo em 2000, no Brasil, tomado definitivamente das mãos da Conmebol, da Uefa e da montadora automobilística japonesa em 2004.
Sessenta e cinco anos depois, a Fifa inaugura, a partir de amanhã, a Copa do Mundo de Clubes. Inspirado no modelo antigo do megaevento de seleções, o torneio inaugural invade o país do futebol americano, do beisebol, do basquete e do hóquei com 63 partidas em 11 cidade até a final em 14 de julho, no MetLife Stadium, nas vizinhas New Jersey e Nova York.
O Brasil tem recorde de participantes. Hegemônico na Libertadores há seis temporadas, o país emplacou Palmeiras (2021), Flamengo (2022), Fluminense (2023) e Botafogo (2024), Finalistas da última edição da Champions League, Paris Saint Germain e Internazionale estão na festa. Chelsea, Manchester City e Real Madrid também como detentores recentes da Orelhuda.
Democrática, a Copa do Mundo de Clubes tem vaga para times da AFC (Ásia), CAF (África), Concacaf (Américas Central e do Norte e Caribe), e OFC (Oceania) e UEFA (Europa), mas está longe de ter um coração de mãe.
Gianni Infantino arranjou um jeitinho de convidar o Inter Miami para a festa sem justificativa plausível. Aliás, a única é ter Lionel Messi na vitrine. Mbappé também conta na lista. Não houve o mesmo empenho da entidade nem dos clubes para atrair Cristiano Ronaldo e Neymar.
Encaixada no lugar da extinta Copa das Confederações, a aposta da Fifa também é quadrienal e inovou na taça criada em colaboração com a joalheria de luxo global Tiffany. Há quase 100 anos, a Fifa tirava do papel a Copa do Mundo de seleções contra tudo e contra todos. A expectativa é fazer da versão com clubes o mesmo sucesso.
Marcos Paulo Lima
SubeditorFormado na Universidade Católica de Brasília, cobriu a Copa do Mundo (10, 14, 18 e 22); Copa América (11, 19 e 21); Copa das Confederações (2013), Champions (15), Euro-2016 e a Olimpíada do Rio-2016.