
Três em cada dez crianças nascidas em hospitais públicos do Distrito Federal em 2024 são filhas de famílias vindas de outros estados. Ao todo, foram 31,5 mil partos realizados nas unidades da Secretaria de Saúde (SES-DF), sendo mais de 9,5 mil de pacientes oriundos de 16 estados diferentes — do Acre a Santa Catarina. A maioria vem de Goiás, que respondeu por quase 9,4 mil nascimentos.
A sobrecarga causada por pacientes de fora não se restringe às maternidades. Entre as mais de 238 mil internações registradas em hospitais do DF no ano ado, 20,9% foram de pessoas que não moram na capital. O cenário se repete nas unidades de terapia intensiva (UTIs): de 155,2 mil diárias ocupadas, quase 29 mil (18,6%) foram destinadas a moradores de outros estados. Goiás e Minas Gerais concentram os maiores volumes — 46,5 mil e 1,8 mil diárias, respectivamente.
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Durante o período crítico das doenças respiratórias sazonais, a pressão sobre os serviços pediátricos aumenta ainda mais. Neste recorte, 28% das internações são de pacientes de fora do DF. O mesmo acontece em tratamentos especializados. Em 2024, a rede pública do DF atendeu pacientes de outros estados em 14,09% das cirurgias oncológicas, 18,38% dos casos de insuficiência renal crônica e 13,83% das internações por doenças cerebrovasculares. Os dados são do portal InfoSaúde.
Atendimento universal
Por princípio do Sistema Único de Saúde (SUS), qualquer cidadão brasileiro pode ser atendido em qualquer estado do país. “O SUS é universal, e temos que atender a todos que chegam aqui”, afirma o secretário de Saúde do DF, Juracy Lacerda.
Ele reconhece que o acolhimento de pacientes de outras unidades da Federação exige planejamento e articulação. No caso do câncer, por exemplo, a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta cerca de 7 mil novos casos por ano no DF. Mas, considerando a demanda da população do Entorno, o número salta para 9 mil.
“Para unirmos forças, é fundamental que tenhamos diálogo com os outros secretários e com o Ministério da Saúde. O caminho é o diálogo”, destaca Lacerda. Segundo ele, já há conversas em curso com os gestores de Saúde de Goiás e Minas Gerais, estados que mais enviam pacientes para o DF, especialmente os municípios da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride-DF).
Somente em 2024, mais de 47% das internações de moradores dos 33 municípios da Ride ocorreram em unidades da SES-DF. A meta, segundo o secretário, é dividir responsabilidades e encontrar soluções duradouras para garantir o atendimento da população local e dos vizinhos da capital.
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