
A amizade entre cães e gatos é a primeira que vem à mente quando se pensa em convivência de diferentes animais, mas já pensou entre aves, coelhos, gatos, galinhas, cabritos e cães? Cada um, com suas diversidades, peculiaridades e personalidades, pode formar laços de parceria e transformar o ambiente em que vivem.
O planejamento, aliado ao respeito pelos limites naturais dos animais, é o ponto principal para o sucesso dessa convivência. Segundo Fabiana Volkweis, professora de medicina veterinária do Ceub, cada espécie tem particularidades quanto ao ambiente necessário para seu bem-estar, ao tipo de alimentação e à forma de convivência com os demais moradores da casa.
Mas existem situações em que os bichos não se adaptam bem a essa convivência, já que algumas espécies têm comportamentos naturais entre presa e predador. "É fundamental considerar possíveis relações de predação, como entre aves e gatos, por exemplo. Para espécies com difícil convivência, como essas, deve-se criar ambientes próprios e protegidos, como aquários bem fechados para peixes ou gaiolas seguras para aves", explica a profissional.
Convivência segura e harmoniosa
Antes do primeiro contato direto entre esses bichinhos, é indicado que o tutor faça a familiarização entre eles de forma gradual e sempre supervisionada. "Evite mudanças bruscas na rotina e mantenha os animais, inicialmente, em ambientes separados, permitindo que se acostumem com a presença e o cheiro um do outro. A troca de cobertores ou roupas pode ajudar nesse processo", afirma Fabiana.
Assim acontece com Giovana Diniz, estudante de medicina e tutora de três cachorros, três coelhos e dois cabritos. Em sua casa, os coelhos vivem juntos com os cabritos no mesmo cercado, com a possibilidade de escape, caso necessário, e os cachorros ficam soltos pela casa, mesclando a forma de interação com os outros integrantes da casa: às vezes, enquanto os cabritos e os coelhos estão soltos, os cães ficam presos.
"Os cabritos gostam muito dos coelhos. Sempre cheiram, chegam perto, e os cachorros amam os coelhos. Eles ficam o dia inteiro do lado do cercado, deitados, observando o que eles estão fazendo. Mas o cachorro tem esse instinto, então, às vezes, quando chegam perto, eles dão uma latida, levantam como se fosse para pegar, mas nunca tivemos nenhum acidente", relata.
Uma das histórias marcantes que Giovana presenciou com os bichinhos foi a relação de companheirismo construída entre Jake, um dos seus cachorros, e Lito, seu coelho. "O Jake, inicialmente, não tinha muita noção da força que ele tem e do tamanho deles. E, quando ele percebeu essa diferença, aprendeu e ou a ter todo um cuidado com a patinha com o Lito."
Incentivar a boa convivência entre eles pode ser uma tarefa difícil, por isso, ter paciência durante o processo é fundamental. Uma dica é reforçar os bons comportamentos com petiscos e brincadeiras, para gerar um ambiente mais leve e divertido.
Atenção às reações
Cada pet pode reagir de forma diferente, podendo ser expressa principalmente com curiosidade, felicidade ou medo, ciúme e territorialismo. "Cães e gatos, por exemplo, têm linguagens corporais distintas: um abanar de cauda em cães pode significar excitação positiva, mas, para um gato, a movimentação rápida da cauda indica irritação ou ameaça", afirma Fernando Resende, professor da Faculdade de Medicina Veterinária da Uniceplac.
Reações desse tipo são normais e já esperadas durante as primeiras semanas de convivência. Mesmo assim, os tutores devem observar possíveis alertas com intenções de ataque ou recusa de permanecer no mesmo ambiente que o outro companheiro. Apesar de todo o cuidado, alguns comportamentos agressivos podem ser manifestados após um longo tempo de convivência pacífica.
Saúde e prevenção
Ambos os animais envolvidos devem estar com a saúde em dia, pois quando debilitados, podem se expressar de forma mais defensiva. De acordo com Fernando Resende, a convivência entre espécies diferentes pode aumentar o risco de transmissão de parasitas, infecções ou doenças, embora a maioria tenha relação entre espécies específicas.
A melhor forma de prevenir essas patologias é por meio da higiene entre as áreas compartilhadas, da atualização do calendário vacinal, de visitas regulares ao veterinário e, principalmente, de seguir o protocolo individualizado de cada espécie.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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