
O governo da Itália disse nesta sexta-feira (13/6) que a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) entrou no país por causa de um “lapso temporal” no sistema que identifica procurados pela Interpol. Segundo a subsecretária do Interior, Wanda Ferro, a polícia italiana soube que Zambelli chegou ao país às 11h40 de 5 de junho com aporte válido emitido pelas autoridades consulares da Itália em São Paulo (SP).
A subscretária explicou que Zambelli não foi pega ainda porque não constava nos bancos de dados nacionais e internacionais, já que a solicitação da Justiça brasileira para inclusão do nome da parlamentar na Interpol só foi aprovada e publicada quase quatro horas depois.
“O intervalo temporal entre a chegada da senhora Zambelli e a difusão da notificação Interpol não permitiu às autoridades de polícia de fronteira italiana proceder à prisão, pois no momento do controle resultava sem antecedentes policiais no território nacional e sem evidências desfavoráveis encontradas nos atos”, disse Wanda Ferro, durante uma sessão do parlamento Italiano.
A subsecretária havia sido questionada sobre o assunto pelo deputado italiano Angelo Bonelli (Europa Verde), mesmo parlamentar que pediu ao governo italiano a extradição de Carla Zambelli em 4 de junho, um dia antes do desembarque da congressista brasileira.
Wanda Ferro também afirmou que a polícia não sabia do paradeiro de Zambelli. “As verificações policiais até agora realizadas e ainda em curso não permitiram no momento individualizar a localização da senhora Zambelli. Prosseguem, todavia, as atividades voltadas ao seu rastreamento também através da cooperação internacional de polícia com as autoridades brasileiras”, pontuou.
A representante do governo italiano também foi perguntada se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), assim como seus filhos, solicitou ou obteve a cidadania italiana. Respondeu que Bolsonaro não fez a solicitação, mas ressaltou que seus filhos Flávio, Eduardo e Carlos já possuem a cidadania há anos.
“Desconcertado”
O deputado Angelo Bonelli se disse “desconcertado” com a resposta da subsecretária sobre a entrada de Zambelli na Itália.
“Estou desconcertado, desconcertado pela gravidade das declarações que este governo comunicou ao Parlamento”, reforçou.
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E continuou: “Uma procurada da qual todos sabiam que estava prestes a vir para a Itália, senhora subsecretária, isso é uma vergonha inaudita. É uma vergonha inaudita. (...) hoje sabemos e o mundo sabe, os brasileiros sabem, a imprensa brasileira sabe, o governo brasileiro sabe que o governo italiano permitiu que a deputada Carla Zambelli entrasse na Itália deixando-a entrar sem monitorá-la”.