REDES SOCIAIS

É preciso reaprender a questionar

Desinformação causa danos reais; educação midiática é essencial para proteger todos no mundo digital

Fake news - desinformação -  (crédito: Pedro França/Agência Senado)
Fake news - desinformação - (crédito: Pedro França/Agência Senado)

A desinformação e a disseminação de fake news são, arrisco dizer, armas de guerra. O potencial destrutivo desse tipo de estratégia, boa parte das vezes calculada, é ainda subestimado e pode levar a sociedade a campos de batalhas que extrapolam o mundo virtual. Uma mentira ou um golpe podem levar à morte física e simbólica, a doenças mentais, ao retrocesso em relação a avanços já conquistados, à destruição de reputações, entre outras consequências.

Participei recentemente de debates sobre educação midiática. Ouvi sobre a gravidade desse fenômeno que, a cada dia, faz mais vítimas, sobretudo idosos e crianças. Ocorreu, nos últimos dias 22 e 23, em Brasília, a 3ª edição do Encontro Internacional de Educação Midiática, promovido pelo Instituto Palavra Aberta, presidido por Patrícia Blanco. O tema foi Autonomia e pensamento crítico para toda a sociedade.

O encontro reuniu especialistas, jornalistas, pesquisadores, educadores, representantes da sociedade civil e do poder público, autoridades, além de representantes do Google e do YouTube, com o objetivo de discutir estratégias e políticas públicas que garantam o o de todos à educação midiática.

Apenas com educação será possível capacitar as pessoas — e deve haver recortes para crianças, jovens, adultos e idosos — a saber reconhecer o que é desinformação, o que é um discurso de ódio. É preciso saber diferenciar um fato de uma opinião; diferenciar também a liberdade de expressão de apologia a qualquer tipo de preconceito, no meio de tantas narrativas no ambiente digital.

Em uma das salas do evento, houve a pré-estreia do documentário 4ª Cúpula Mundial de Mídia para Crianças e Adolescentes — 20 anos depois, produzido pela Empresa Multimeios, presidido por Maíra Moraes. O documentário traz os bastidores dessa cúpula, que ocorreu no Rio em 2004, com participação de delegações de 63 países, mesclando a história da cúpula com entrevistas inéditas e reflexões importantes sobre os desafios atuais para lidar com informação e juventude.

O documentário será lançado dia 2 de junho em evento no Rio. Tive a honra de ser convidada para conversar — ao lado de Cristiane Parente, jornalista, pedagoga, consultora da Unesco, doutora em comunicação; e Maíra Moraes, mestre e doutora em comunicação, principal liderança da MultiRio, empresa pública de multimeios da Prefeitura do Rio de Janeiro, que há mais de 30 anos desenvolve conteúdos educativos inovadores, voltados especialmente para crianças, adolescentes, professores e famílias — sobre algo que prezo mais do que tudo no meu dia a dia lidando com informação: a busca pela verdade. A sociedade precisa reaprender a questionar e a identificar fontes confiáveis neste cenário tão poluído e complexo que é o ambiente digital.

Não basta proibir crianças de estarem em redes sociais, embora seja necessário estarmos atentos para a idade em que elas entram. Oito entre 10 crianças no Brasil de 6 a 8 anos de idade têm o à internet, portanto estão expostas a todo tipo de conteúdo, independentemente do esforço dos pais em vigiar o consumo de informação. Assim como os idosos estão extremamente vulneráveis aos golpes.

Portanto não será suficiente proibir celular em sala de aula nem ficar correndo atrás de bandidos digitais. É preciso preparar as pessoas para reconhecerem os perigos e não caírem em armadilhas. E a presença dos jornalistas nesse debate segue essencial.

 


postado em 25/05/2025 04:04
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