
Nem me lembro quanto tempo faz que ocupo este rico espaço editorial. Talvez mais de duas décadas, escrevendo religiosamente aos domingos, e sempre fiz questão de homenagear Brasília em seus aniversários. Nunca deixei de fazer uma relação com o aniversário do Correio Braziliense, inaugurado no mesmo dia que a capital. Essa celebração conjunta, para mim, significa a preservação da memória, algo que considero de fundamental importância para a história de uma cidade e de sua gente.
Hoje, revi o minidocumentário Olhaê, o Correio!, que foi editado por Mariana Niederauer e Benjamin Figueredo para, mais uma vez, registrar que nosso jornal é parte da história da capital. Eu me emocionei ouvindo os relatos daqueles que foram os meninos do Correio, vendendo jornal de porta em porta, de rua em rua, nas feiras, nos comércios, nas casas, nas bancas. São depoimentos afetivos, que trazem recordações bonitas de uma época que, sabemos, não volta mais. (Assista o minidocumentário ao final do artigo)
O jornalismo hoje vive de desafios. Do impresso, ainda muito relevante, ao universo on-line, é uma jornada incessante de provações, de provocações, de descobertas, de idas e vindas, de testes de experimentações — tal como é a vida on-line. Temos atravessado esse caminho com respeito pela nossa história e por nossos leitores. Com nossos erros e acertos, seguimos uma trilha pavimentada construída em 65 anos de história. Não nascemos hoje, nem morreremos amanhã, porque somos patrimônio de uma cidade.
É possível se orgulhar de muitos feitos no jornalismo — de recordes de audiência a prêmios jornalísticos —, sem nunca esquecer daquilo que nos constitui. Somos tradição, somos profunda conexão com a cidade, somos memória, somos a voz de cada brasiliense. Corremos juntos na nossa maratona a cada aniversário; fazemos cadernos anuais e temáticos que mostram, a cada 21 de abril, os brasilienses e seus afetos como protagonistas de uma trajetória partilhada ano após ano. O suplemento deste ano, editado por José Carlos Vieira e coordenado por Adriana Bernardes, celebra o jeito dos moradores da capital, com histórias e personagens emocionantes que ajudam a moldar a identidade da capital do país. Pessoas que investem na qualidade de vida, se preocupam com o meio ambiente e se encontram nos espaços traçados por Niemeyer e Lucio Costa. Pessoas que reforçam a vocação humanista de nossa cidade.
Eu adoro pensar que somos parte de um todo. Não uma mídia apartada, que se desloca com o vento dos algoritmos. Não nos movemos com sopros, mas com o vendaval de cultura viva, que se transforma todo ano, que é cultura brasiliense. Imprimir emoção também faz parte da nossa existência. Celebre com a gente, curtindo, lendo e compartilhando nossas homenagens a Brasília. A gente fica feliz demais em fazer parte, em ser parte, em viver essa história juntamente com cada um de vocês.
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