
Desde que São Pedro assumiu a liderança da Igreja Católica, em 33 d.C., a figura do pontífice gera amor ou ódio, mas, jamais, indiferença. “O papa deve significar algo para você, mesmo que você revire os olhos ao mencionar seu nome”, define Miles Pattenden, professor de História na Universidade de Oxford, no Reino Unido, e especialista em papado.
- Fumaça preta: primeiro dia de conclave termina sem eleição do novo papa
- Por que plano de Netanyahu para Gaza ameaça dividir Israel, matar palestinos e enfurecer o mundo
Além de pastor da religião com maior número de fiéis no mundo — 1,4 bilhão —, o papa é chefe de Estado, o Vaticano. Trata-se do menor “país” do mundo, com apenas 44 hectares. Como governante absoluto, o pontífice exerce os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e cabe a ele receber presidentes, primeiros-ministros e monarcas na Santa Sé, uma entidade soberana perante o direito internacional.
“O papa também é um monarca. Ele é o chefe de governo do Estado da Cidade do Vaticano, que tem uma história muito longa”, diz Kathleen Comerford, professora de história do catolicismo na Universidade Georgia Southern, nos Estados Unidos. “Ele é um dos poucos monarcas eleitos na história, sendo responsável por decisões financeiras e políticas. Também tem embaixadores ao redor do mundo como resultado de seu papel na política global.”
Títulos
O líder religioso tem nove títulos, além de papa, segundo o Anuário Pontifício, da Secretaria de Estado do Vaticano. Ele é o bispo de Roma, vigário de Jesus Cristo, sucessor do príncipe dos apóstolos, Sumo Pontífice da Igreja Católica, primaz da Itália, arcebispo e metropolita da província eclesiástica romana, soberano do Estado da Cidade do Vaticano, servo dos servos de Deus e Patriarca do Ocidente.
Esse último título foi recuperado por Francisco, depois que Bento XVI deixou de usá-lo. Significa que o papa é a referência da Igreja latina, em oposição à Igreja Ortodoxa Grega. Diferentemente do ado, porém, não há animosidade entre o cristianismo do ocidente e do oriente — os cardeais ortodoxos, inclusive, participam do conclave.
Doutrinas
Além de manter a unidade da Igreja, cabe ao papa ensinar a fé cristã e orientar os fiéis sobre questões doutrinárias e morais. Os direcionamentos vêm em forma de encíclicas, exortações apostólicas, moto-próprio, entre outros documentos elaborados pelo pontífice.
Também cabe ao papa nomear os bispos, que dirigem as dioceses, ou istrações das igrejas locais; nomear beatos e santos, convocar sínodos (reuniões mundiais entre leigos e religiosos), celebrar missas, receber visitas nas audiências. Viajar é outra tarefa papal: os deslocamentos são uma oportunidade de evangelização e diálogo inter-religioso, por exemplo.
“O papa incorpora uma síntese única de autoridade intelectual e ação pastoral”, diz Miles Pattenden. “Nenhum manual de filosofia se iguala ao impacto visceral do papa Francisco lavando os pés dos prisioneiros ou abraçando ternamente um homem desfigurado com neurofibromatose”, acredita o professor de Oxford.
Saiba Mais