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Os alertas de guerra na Europa que preocupam o mundo

Escalada no conflito na Ucrânia provocou nova onda de declarações e medidas de preparação em países europeus.

'Os eventos das últimas dezenas de horas mostram que esta ameaça é realmente séria e real em termos de um conflito global', disse premiê polonês -  (crédito: Getty Images)
'Os eventos das últimas dezenas de horas mostram que esta ameaça é realmente séria e real em termos de um conflito global', disse premiê polonês - (crédito: Getty Images)

Alertas feitos por autoridades europeias sobre a necessidade de o continente se preparar para um possível conflito têm elevado os níveis de tensão na região.

Na segunda-feira (25/11), um oficial da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) instou empresas na Europa a se prepararem para um cenário de guerra e a ajustarem suas linhas de produção e distribuição, a fim de ficarem menos vulneráveis ?" citadas pelo Kremlin nunca se materializaram.

Foto de Donald Tusk, um homem de pele clara, vestindo um terno escuro sobre camisa e gravata escura. Ele está andando e olhando para o lado.
Getty Images
'Os eventos das últimas dezenas de horas mostram que esta ameaça é realmente séria e real em termos de um conflito global', disse premiê polonês

Diante desses acontecimentos, o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, fez um alerta sobre uma ameaça "séria e real" de guerra global.

A invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia "está entrando em uma fase decisiva", disse Tusk em um discurso ao Sindicato dos Professores Poloneses na sexta-feira (22/11).

"Todos nós sabemos, sentimos que o desconhecido está se aproximando. Nenhum de nós sabe o fim deste conflito, mas sabemos que ele está assumindo dimensões muito dramáticas no momento", afirmou.

"Os eventos das últimas dezenas de horas mostram que esta ameaça é realmente séria e real em termos de um conflito global".

'Se houver crise ou guerra'

Localizados em uma área de risco e temendo as consequências de suas movimentações geopolíticas recentes, países escandinavos também têm instruído suas populações sobre como agir em caso de um conflito.

Em novembro, milhões de suecos começaram a receber um panfleto que orienta a população sobre como se preparar e lidar com a situação em caso de guerra ou outras crises inesperadas.

Intitulado "Se houver crise ou guerra", o panfleto é uma versão atualizada de uma edição distribuída há seis anos, devido ao que o governo de Estocolmo chama de piora na situação de segurança — em outras palavras, à invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia. O livreto tem o dobro do tamanho da versão anterior.

A Finlândia, país vizinho, também publicou online suas novas orientações sobre "preparação para incidentes e crises".

E os noruegueses receberam recentemente um panfleto pedindo que se preparem para se virar sozinhos por uma semana em caso de condições meteorológicas extremas, guerra e outras ameaças.

Panfleto amarelo com os dizeres 'Se houver crise ou guerra', escrito em preto, distribuído na Suécia
TT News Agency/AFP
Suecos começaram a receber pelo correio o panfleto 'Se houver crise ou guerra'

Durante o verão no hemisfério norte, a agência de gestão de emergências da Dinamarca disse que estava enviando por e-mail aos adultos dinamarqueses detalhes sobre água, alimentos e medicamentos de que necessitariam para ultraar uma crise durante três dias.

Suécia e Finlândia são os mais recentes países a aderirem à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

A decisão das duas nações de abandonarem sua posição de neutralidade foi um revés para Vladimir Putin, que condena a expansão da Otan e lista os movimentos da aliança como um dos motivos para a sua invasão da Ucrânia.

A Finlândia compartilha uma fronteira 1.340 km com a Rússia e solicitou formalmente a adesão à Otan com a Suécia em maio de 2021 por causa da guerra. Já Noruega e Dinamarca fazem parte dos membros fundadores da aliança militar.

O que esperar?

Steve Rosenberg, editor de Rússia da BBC News, diz que é difícil saber o que esperar de Vladimir Putin e do futuro do conflito.

Para ele, talvez nem mesmo o presidente russo saiba seus próximos os, o que deixa tudo mais grave.

Rosenberg afirma que Putin tem usado constantemente nos últimos anos a escalada de tensões como método para atingir suas metas — neste caso, o controle sobre a Ucrânia ou a paz nos termos da Rússia.

“Há muitos exemplos de Putin escalando a guerra: a invasão de grande escala da Ucrânia, a decisão de declarar quatro territórios ucranianos como parte da Rússia, o envio de soldados norte coreanos para a região de Kursk, a decisão de atacar a cidade de Dnipro com um novo míssil balístico hipersônico de alcance médio na quinta-feira e as ameaças de atacar o Ocidente”, diz.

“Uma vez eu descrevi Putin como um carro sem marcha ré ou freio, voando baixo em uma estrada, com o acelerador no máximo. Pelo visto, pouco mudou.”

Segundo o editor da BBC, a escalada é uma possibilidade clara e a Ucrânia deve estar se preparando para mais ataques russos, com bombardeios ainda mais pesados.

Por outro lado, Rosenberg vê a mudança de governo nos Estados Unidos, com Donald Trump assumindo a presidência em 2025, como um evento que pode mudar o rumo atual do conflito.

Trump tem expressado ceticismo sobre assistência militar americana à Ucrânia e críticas em relação à aliança militar Otan. Ele também disse recentemente que conversar com Vladimir Putin seria “algo inteligente”

“Tudo isso deve soar como música aos ouvidos de Putin”, diz Rosenberg. “O que significa que apesar das mais recentes ameaças e alertas, o Kremlin pode decidir evitar uma grande escalada agora.”

“Isso se o Kremlin estiver calculando que Trump vai ajudar pôr um fim à guerra em termos que beneficiam a Rússia. Se esse cálculo mudar, a resposta de Moscou também pode mudar.”

BBC
BBC Geral
postado em 30/11/2024 14:34
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