
Resultado de uma parceria entre a Associação Ame Mulheres Esquecidas (A.M.E.), o Senac-DF e o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília(Sindhobar), a aula inaugural do curso de auxiliar de cozinha ocorreu na manhã desta segunda-feira (19/5). A ação visa capacitar mulheres egressas do sistema prisional da região Centro-Oeste.
O curso integra o programa A.M.E. Capacitar, vertente educacional da associação, que atua tanto dentro quanto fora dos presídios. O objetivo é preparar essas mulheres para o mercado de trabalho e, assim, reduzir os obstáculos que enfrentam após o cumprimento da pena.
Durante três meses, 10 alunas terão aulas no período da manhã, somando 240 horas de capacitação, com previsão de conclusão em agosto. “Ficamos muito felizes porque não se trata apenas de oferecer um curso, há uma alta chance real de empregabilidade ao final”, destaca Shaila Manzoni, presidente da A.M.E.
“Acreditamos que a educação profissional é uma ferramenta poderosa para transformar vidas. Ao oferecer formação técnica em gastronomia, proporcionamos não apenas habilidades práticas, mas também restauramos a autoestima e a dignidade dessas mulheres, abrindo portas para novas oportunidades no mercado de trabalho. Essa iniciativa reflete nosso compromisso com a inclusão social e a construção de uma sociedade mais justa”, afirma Vitor Corrêa, diretor regional do Senac-DF.
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Durante a cerimônia de abertura, realizada no auditório do Senac, representantes das instituições reforçaram o compromisso com a dignidade e a reintegração social por meio da gastronomia. Os convidados também conheceram o laboratório gastronômico, onde as alunas terão aulas práticas e poderão transformar a trajetória de vida.
A juíza Leila Cury, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, destacou a potência da oportunidade oferecida: “A pessoa perdeu a liberdade, mas não perdeu a dignidade nem a cidadania. Ela precisa de uma nova chance. E é isso que vocês estão recebendo aqui hoje.”
A Ricco Burger, parceira da A.M.E., teve um papel importante na viabilização das bolsas do curso. A arrecadação de um evento de inauguração de uma das unidades foi integralmente destinada à formação das participantes. A empresa também oferece capacitações dentro dos presídios e oportunidades de contratação após a liberdade.
“Com o tempo, a gente entendeu que a Ricco não é só sobre hambúrguer. É sobre pessoas. E as pessoas merecem recomeçar”, disse Renata Carvalho, chef e sócia da Ricco Burger. “Existe uma escassez enorme de mão de obra na gastronomia. Esse projeto ajuda a sociedade e ajuda também o nosso setor”, acrescentou.
A formação dessas mulheres representa mais do que o ensino de uma nova profissão, simboliza o rompimento com o estigma, a valorização da dignidade e a construção de futuros possíveis. O curso se torna uma ponte concreta entre o ado e novas oportunidades. Para essas mulheres, cozinhar é, agora, um ato de recomeço.
*Estagiária sob supervisão de Ana Sá