
Por Artur Maldaner*
Aos 19 anos, Maria Clara de Andrade Dantas mora em João Pessoa, na Paraíba, e trabalha como gestora de contratos em uma construtora. A jovem, que se formou no Instituto Federal da Paraíba (IFPB), conquistou, este ano, a aprovação em três universidades do exterior: a Stetson University na Flórida, a University of Kentucky no estado de Kentucky e a Hult, no câmpus de Londres, onde recebeu uma bolsa de 70%, que cobre toda a mensalidade do curso, mas não o restante das despesas. Maria Clara explica que fez o processo de inscrição por conta própria, com a ajuda de uma amiga que conheceu virtualmente.
O sonho de Maria Clara começou no período da pandemia, quando se inspirou a estudar fora do país acompanhando contas de agências de intercâmbio no Instagram: "Fiquei imaginando como seria essa experiência, você tendo o a pessoas do mundo inteiro, a uma língua nova, diferentes ideias". Para ela, esse contato será enriquecedor não só pela parte acadêmica e profissional, mas pessoal também, considerando o convívio com outra cultura.
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A estudante se inscreveu em 20 universidades, por meio do programa Common Application, nos cursos de negócios e marketing. Ela conta que a decisão de seguir carreira na área de empreendedorismo se deu no ano ado, quando começou a postar conteúdo sobre redação do Enem nas redes sociais. "Como eu era a única que cuidava do meu Instagram e dos materiais que entregava para os seguidores, sabia que aquele negócio era meu. Então, se fosse para frente, seria mérito meu, e se não fosse, a culpa seria só minha", relata.
Os pais de Maria também são empreendedores: a mãe, Maria Célia de Andrade Dantas, 49, vende quentinhas; e o pai, Lindojonson Vieira Dantas, 53, trabalha como ambulante. A jovem conta que observá-los foi muito importante para sua formação, principalmente, em relação a saber lidar com o dinheiro. "Comecei a trabalhar com 15 anos, como jovem aprendiz em uma construtora. Por influência deles, sempre tive muito esse olhar atento, cuidadoso com dinheiro", compartilha.
Maria Clara, que pretende seguir no ramo da educação, defende que o empreendedorismo e o investimento devem caminhar juntos ao ensino. Ela cita colegas de escola que acreditava serem capazes de abrir um negócio, porém, a falta de incentivo e de oportunidades se colocaram como empecilhos ao sucesso. "Eu estudei com muitas pessoas inteligentes e determinadas, mas que não tiveram o mesmo estímulo da família e o às oportunidades que eu tive. Se não fosse isso, vejo que seriam capazes de começar um negócio ou projeto que elas quisessem", expõe.
A estudante nasceu em um distrito rural do município de Santa Rita (PB), chamado Nossa Senhora do Livramento, onde morou até os 2 anos e o considera "arcaico" em relação a oportunidades de educação. Assim, ela enfatiza a importância do o à educação que teve na capital paraibana: "Em Nossa Senhora de Livramento, eu nunca teria as mesmas condições que tive em João Pessoa, onde estudei em escolas públicas muito boas". No ensino fundamental, Maria estudou no colégio Aruanda, da rede municipal, e cursou o ensino médio no Instituto Federal da Paraíba. "Lógico, a gente sabe da limitação de uma escola pública no Brasil, mas os professores eram muito bons", completa a jovem.
Para arrecadar o resto dos custos necessários para ingressar na faculdade, Maria Clara está divulgando sua aprovação nas redes sociais e vende lanches na praia para assegurar à estadia em Londes. Para ela, a aprovação é uma vitória: "Ser aprovada, e na minha primeira aplicação, me deixa muito feliz e realizada; é um marco grande." Quem quiser ajudar Maria Clara a chave do pix está disponível no Instagram dela: @claradantas.
* Estagiário sob a supervisão de Ana Sá