
Parafraseando a letra da canção de Cazuza, 6 mil corredores inscritos na Maratona Brasília 2025 estão por um triz pro dia nascer feliz no principal evento esportivo da comemoração do aniversário de 65 anos da capital. A Esplanada dos Ministérios será invadida por eles a partir das 5h30 da madrugada desta segunda-feira, na largada para cinco categorias: a tradicional maratona (42km), a meia-maratona (21km) os 10km, 5km e a caminhada de 3km. Outras duas provas iniciadas no início da manhã de hoje serão concluídas amanhã: o Desafio JK (21km + 21km) e o Desafio BSB 65 anos (21km + 42km).
Uma das grandes revoluções do esporte é a inclusão das mulheres no atletismo. Não era assim nos primórdios da maratona. Inspirada na lenda de Fidípides, a maratona, ou seja, uma corrida de 42,195km foi disputada apenas por homens nos Jogos Olímpicos de Atenas-1896. Elas só entraram em cena 88 anos depois, na edição de Los Angeles-1984, quando a estadunidense Joan Benoit conquistou a medalha de ouro em 2h24min52s.
Atual campeã da Maratona Brasília, a goiana Juliana Pereira defenderá o título nesta segunda-feira em busca do bicampeonato. No ano ado, ela participou pela primeira vez do evento apoiado pelo Correio Braziliense. À época, era a terceira maratona da vida dela. As posições de Juliana foram todas surpreendentes. Na primeira disputa, ficou em oitavo na corrida de Blumenau (SC). Em Goiânia, foi vice-campeã. O degrau mais alto do pódio chegou em Brasília no ano ado em 3h18min03s.
“Fiquei muito feliz por ser a minha terceira maratona e estar no pódio mais alto na capital do Brasil. Eu estava cansadíssima, talvez porque tenha puxado bem no começo. Quando cheguei aos 30km já estava bem cansada, mas o importante é estar no pódio”, lembra Juliana Pereira, em entrevista ao Correio Braziliense.
O currículo de Juliana é extenso. O despertar para a corrida começou aos 15 anos. Apaixonada por futebol, notou a boa resistência do corpo durante as partidas e migrou para o mundo das corridas. Inexperiente, decidiu encarar 10km na base da determinação e da vontade. “Nunca tinha corrido um percurso assim. Parei várias vezes, mas fui a terceira colocada. Ganhei troféu e uns trocados. Comecei a treinar por conta própria, com o que vinha na minha cabeça. Não deixei o futebol, era viciada em jogar bola”, relembra.
Juliana Pereira mora em Palmas (TO) e está em Brasília com um único compromisso: a Maratona Brasília. Sem tanta preocupação com a concorrência, a atual campeã confia no bi. “A maratona, em si, já é um caminho difícil, que exige muito do atleta. O percurso não é nada fácil em Brasília, é necessário se superar para garantir um pódio”, analisa a atleta.
Preparação
No início de abril, Juliana Pereira participou da Maratona Internacional de São Paulo, a primeira do ano. Os resultados foram positivos: segunda melhor brasileira, ela encerrou na quinta colocação, concluindo em 2h58min. Os 42km na capital paulista fizeram parte da preparação dela para a corrida no aniversário de Brasília. Geralmente, ela inicia o treinamento para desafios de longa distância com dois meses de antecedência.
Pronta para percorrer os pontos turísticos de Brasília, Juliana Pereira dá dicas para quem tem o desejo de, um dia, concluir 42km. “Em primeiro lugar, aconselho ter um treinador experiente em provas longas. Assim, poderá ser feito um treinamento apropriado, pelo menos, três meses antes da prova”, recomenda. “Talvez, fazer um check-up geral para ver como estão a saúde do coração, dos pulmões. Sempre estar com os exames de rotina em dia e a alimentação correta e o descanso é primordial na semana”, reforça.
O evento desta segunda-feira consolida Brasília em uma tendência mundial: as principais cidades do mundo ostentam uma maratona com o nome da cidade para chamar de sua. Além da Maratona Brasília, o cardápio variado oferece provas semelhantes em Berlim (Alemanha), Londres (Inglaterra), Tóquio (Japão), Roterdã (Holanda), Madri (Espanha), Roma (Itália), Varsóvia (Polônia) Chicago e Nova York (Estados Unidos), entre outras.
A proposta das maratonas costuma ser customizada. A ideia é ver os atletas arem pelos principais cartões-postais. Na tradicional Maratona de Berlim, por exemplo, os inscritos am pelo Portão de Brandemburgo. O cenário em Brasília é a Esplanada dos Ministérios. A prova candanga faz parte do calendário anual do aniversário da capital.
“O sucesso no número de inscritos se deve ao percurso, que a pelos principais monumentos da cidade. Toda maratona tem um viés turístico, pois os atletas de fora querem conhecer a cidade correndo”, diz Miguel Jabour, das relações institucionais do Correio, um dos pioneiros da Maratona Brasília.
“A Maratona de Paris, cuja largada é na Champs-Elysées, embaixo do Arco do Triunfo, a pela Catedral de Notre-Dame, Museu do Louvre, entre outras atrações da cidade. A New York City Marathon sempre teve a largada na Ponte Verrazano e chegada no Central Parque. Amanhã, por pura sensibilidade do GDF, teremos um percurso lindo”, destaca Jabour.
* Estagiária sob a supervisão de Marcos Paulo Lima