
Já se aram mais de 30 anos desde que a geração de Hortência e Magic Paula colocaram o Brasil no mapa do basquete feminino com o título do Mundial de 1994. O tempo ou e o país começou a amargar anos longe das glórias e das principais competições da modalidade, como as duas últimas Copas do Mundo e as Olimpíadas de Tóquio-2020 e Paris-2024. Agora, a seleção brasileira inicia um ciclo de reformulação, comandada pela estadunidense Dana “Pokey” Chatman para retomar o protagonismo no mundo da bola laranja.
A treinadora foi anunciada no fim de 2024 e começou os trabalhos para pinçar os melhores talentos do país no basquete. A apresentação oficial foi na última terça-feira (11/3), quando pôde dar um panorama do que espera das jogadoras e do grande objetivo do projeto: estar presente nas Olimpíadas de 2028, em Los Angeles.
“Temos Los Angeles 2028 em mente, mas é importante entendermos o a o, estamos construindo um elenco. É o fundamento. Vamos traçar nosso caminho, porque o objetivo é levar o Brasil de volta ao cenário mundial. Estou animada por fazer parte desse processo. Eu começo falando de defesa por uma razão, porque não é divertido, ninguém escreve sobre isso, mas é muito importante você casar isso com o ataque. Esse vai ser meu foco”, disse Chatman na coletiva de apresentação no cargo.
A estadunidense assume o posto de comandante da seleção brasileira com uma bagagem extensa no basquete feminino. Nascida em Ama, Louisiana, em 1969, ela começou como jogadora nos tempos de colégio e ficou marcada por acertar a primeira bola de três em um jogo colegial no estado.
O o seguinte foi no meio universitário, na renomada LSU, que virou casa de Pokey por duas décadas. Ela atuou como atleta no time do Tigers por quatro anos, entre 1987 e 1991, e brilhou na última temporada, com o título da Conferência Sudeste (SEC) e o prêmio de jogadora mais valiosa (MVP) do torneio. O recorde de assistências estabelecido pela então jogadora só foi quebrado em 2004.
Depois, se tornou assistente técnica, posto ocupado entre 1992 e 2004, até assumir o papel de treinadora principal. Com Chatman no comando, LSU viveu os melhores anos do programa. Foram 47 vitórias nos primeiros 50 jogos, uma série de títulos de conferência, presenças no Final Four (semifinais do basquete universitários) e muitos prêmios de destaque da posição. A história chegou ao fim em 2007, quando resignou do cargo após uma denúncia de ter tido relações sexuais com uma antiga jogadora.
Então, a estadunidense migrou para o Spartak, na Rússia, onde foi tetracampeã da Euroliga, três vezes como assistente e uma como técnica principal. Em 2010, Pokey retornou aos Estados Unidos e iniciou a agem pela WNBA. Ela exerceu o papel de diretora e treinadora no Chicago Sky e no Indiana Fever até chegar no Seattle Storm, time no qual é assistente desde 2022. O melhor período foi no Sky, quando levou a equipe até a final em 2014, mas perdeu para o Phoenix Mercury.
Agora, com a seleção brasileira feminina, a meta é unir aprendizados coletados nos anos de carreira e implementar uma nova cultura na equipe, focada principalmente nos aspectos defensivos. Na busca dos melhores nomes, ela começou a acompanhar partidas da Liga de Basquete Feminino (LBF), que conta com o Cerrado representando o Distrito Federal.
“Não vou tentar reinventar o basquete. Há aspectos diferentes na Fiba e na WNBA, mas no fim do dia os fundamentos são os mesmos. Não vamos chegar ao topo fazendo muitos pontos em todos os times, nós chegamos ao topo pela defesa. Esses são alguns princípios que vou aplicar”, disse Pokey.
O primeiro compromisso da treinadora com o Brasil será em 22 de junho, quando a seleção fará um amistoso contra o Canadá, em São Paulo. A partida servirá como um teste antes da AmeriCup, no fim de junho, em Santiago, no Chile, quando a equipe brasileira defende o título.