CB.AGRO

O problema do mercado de vinhos brasileiros começa com a tributação, diz empresário

Na opinião do presidente da Expovitis Brasil, Ronaldo Triacca, o mercado de vinho nacional precisa acender o alerta para a concorrência com produtos estrangeiros, especialmente após os EUA taxarem vinhos europeus

Ronaldo Triacca:
Ronaldo Triacca: "A concorrência não é fácil. Primeiro, a nossa tributação chega de 50% a 55%, dependendo da situação e do estado" - (crédito: Bruna Gaston CB/DA Press)

O vinho brasileiro é diretamente afetado pelas altas tributações impostas sobre o produto, de acordo com o produtor de vinho Ronaldo Triacca, presidente da Expovitis Brasil. Ele alertou que o “tarifaço” sobre vinhos europeus, imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode tornar desleal a concorrência entre os vinhos estrangeiros e os nacionais dentro do Brasil.

Em entrevista ao CB.Agro desta sexta-feira (30/5) — uma parceira do Correio com a TV Brasília —, o viticultor explicou aos jornalistas Marcelo Agner e Roberto Fonseca que o desafio começa ainda em solo brasileiro, com as altas tributações aplicadas sobre o produto.

“A concorrência não é fácil. Primeiro, a nossa tributação chega de 50% a 55%, dependendo da situação e do estado. Só para ter uma ideia, é permitido pela legislação que, quando entra um vinho chileno aqui no país, se adicione até 9% de água exógena dentro do vinho. Queira ou não queira, a água é muito barata. Só aí a gente perde 9%, porque o vinho brasileiro não tem essa permissão”, apontou.

Assista à entrevista completa:

Triacca destacou também que a média de consumo de vinhos pelos brasileiros é de dois litros per capita ao ano — o consumo havia chegado a três litros durante a pandemia, mas voltou a cair —, e que “boa parte disso é vinho estrangeiro”. Apesar do impacto do tarifaço de Trump ainda ser uma incógnita para a indústria vitivinicultura brasileira, segundo ele, o aumento nos impostos apresenta uma ameaça aos produtos nacionais.

Com as altas taxas impostas sobre os vinhos europeus, o entrevistado do CB.Agro apontou ainda que esses produtores podem mirar “com mais rótulos” para o mercado do Brasil. Desta maneira, a concorrência dos vinhos brasileiros, que, para ele, já são pouco valorizados, vai aumentar ainda mais.

“Mas eu sempre digo que, a nível de consumo, eu sempre sou muito otimista. A Europa atingiu o ‘teto’ de consumo per capita por ano, na média de 50 litros per capita, e isso está numa curva decrescente. Nós, Brasil, eu vejo com bons olhos, porque estamos com uma curva ascendente. Apesar de pular degraus devagar, eu vejo com bons olhos, porque, depois da pandemia, houve uma percepção maior do brasileiro quanto à qualidade do vinho nacional”, exaltou.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

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postado em 30/05/2025 15:09 / atualizado em 30/05/2025 15:15
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