Gastronomia

Tesouro nacional: um roteiro para conhecer a produção de vinhos brasileiros

Às vésperas do Dia Nacional do Vinho, o Divirta-se Mais indica harmonizações saborosas entre pratos e rótulos brasileiros

A sugestão de harmonização do Bla's é a coxa e sobrecoxa de pato confit com o vinho gaúcho Miolo Single Vineyard -  (crédito:  Guilherme Felix CB/DA Press)
A sugestão de harmonização do Bla's é a coxa e sobrecoxa de pato confit com o vinho gaúcho Miolo Single Vineyard - (crédito: Guilherme Felix CB/DA Press)

Há oito anos, o primeiro domingo do mês de junho é marcado pela celebração da indústria enológica do Brasil. O Dia Nacional do Vinho, projeto de lei aprovado em 2017, no Congresso Nacional, tem como intuito enaltecer o mercado brasileiro e é a ocasião perfeita para explorar os diferentes aromas e sabores da bebida que tem encantado cada vez mais o brasiliense. No país, o crescimento da produção local é notável para os especialistas no assunto.

Para o sommelier Tiago Pereira, do restaurante Trattoria da Rosario, os vinhos nacionais fazem parte de "um quebra cabeça dividido em seis principais regiões". "Cada uma tem notáveis diferenças em seu terroir", afirma. "Nossa maior referência está nos espumantes do Sul do Brasil, que apresentam diversos níveis de qualidade — do brut ao doce e do champenoise ao charmat", exemplifica. Tais espumantes chamaram a atenção do mundo devido à qualidade e bom custo benefício, relata o especialista.

Em relação aos chamados vinhos tranquilos, aqueles que não contêm gás carbônico e não são fortificados, ou seja, não possuem adição de álcool ou açúcar, Tiago afirma que o Brasil caminha de forma promissora. "Há uma melhora no desempenho de qualidade, desde os vinhos leves e frutados para o dia a dia até os rótulos mais elaborados, com tendência de guarda", diz o sommelier.

"Temos também brancos e rosés que, junto aos espumantes, alegram o nosso verão. Penso que nossos rótulos estão em crescente a cada nova safra, trazendo uma melhor expressão de terroir, combinada com a tecnologia de vinificação", acrescenta Tiago, quatro vezes eleito melhor sommelier da capital pelo prêmio Encontro Gastrô Brasília, realizado pela revista Encontro em parceria com o Correio. "Quando se trata da produção de vinhos, o Brasil ainda está no início, mas já mostra evoluções surpreendentes", garante.

Em Brasília, são diversos os restaurantes que reúnem opções de vinhos nacionais nas respectivas adegas. Por isso, nesta semana, o Divirta-se Mais indica harmonizações saborosas entre pratos presentes nos menus de casas da cidade e rótulos brasileiros. Confira!

 

Destaque nacional

No Bla's Comida Criativa, os vinhos nacionais são destaque. Diversificada e extensa, a carta da casa oferece opções como o Miolo Riesling da linha Single Vineyards (R$ 134,90) — rótulo fruto de um vinhedo plantado em 1978, na região gaúcha da Campanha Central. Segundo o chef Gabriel Bla's e o sommelier Avenilson Silva, a escolha harmoniza perfeitamente com o prato pato modernista do Pará (R$ 89), coxa e sobrecoxa de pato confit ao molho de tucupi, acompanhado por nhoque caseiro de batata e espinafre na manteiga de sálvia com tomates confit.

Outra opção de rótulo nacional para harmonizar com a ave é o Garziera chardonnay e Chenin Blanc (R$ 99,90). Segundo o sommelier, trata-se de um vinho "com acidez marcante e volátil, com um toque de expressividade".


Brasileiro e ível

Bar de vinhos do Pontão do Lago Sul, o Izzi Wine Garden tem como destaque o Rio Sol Cabernet Sauvignon/Syrah (R$ 112). "É um rótulo nacional cheio de personalidade. Produzido no Vale do São Francisco, surpreende por seu frescor e equilíbrio mesmo vindo de uma região de clima semiárido. Seu diferencial está na combinação das duas uvas: a estrutura da Cabernet com a maciez da Syrah. Uma opção brasileira e ível, de ótima qualidade e que harmoniza com diferentes momentos da refeição", descreve a proprietária Luiza Mello.

O prato sugerido para acompanhar o rótulo é o carbonara trufado (R$ 92), com massa grano duro, pecorino, guanciale crocante e toque de azeite trufado. "A estrutura do vinho acompanha bem a intensidade do prato, equilibrando a gordura da pancetta e realçando os aromas da trufa. Uma combinação que valoriza tanto a comida quanto o vinho", garante Luiza.


Rótulo exclusivo

Prestes a completar um ano, o Palomina Bar oferece uma carta de vinhos cuidadosamente selecionada pelo sommelier e também proprietário Gabriel Cunha Campos. Em meio às opções variadas, o destaque nacional vai para o Pinot Noir da casa (R$ 100). “Ele é elaborado pela vinícola Cavalleri, no Rio Grande do Sul, feito de forma artesanal e exclusiva”, conta Gabriel. “Além do sabor leve que o rótulo possui, ele é considerado versátil por ser mais fácil de harmonizar com os pratos que servimos na casa, o que faz dele um dos mais pedidos”, afirma. Para harmonizar, a indicação do sommelier é o tartar de filé (R$ 70): “Essa combinação respeita a delicadeza da carne crua e, ao mesmo tempo, devido a acidez do Pinot, permite a untuosidade, resultando em uma experiência leve, elegante e muito saborosa”

 

postado em 30/05/2025 06:00 / atualizado em 30/05/2025 10:25
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