Crítica

Produção entre Brasil e Portugal, 'Sobreviventes', estreia nos cinemas

O filme, dirigido por José Barahona, acompanha um grupo de homens e mulheres que após o naufrágio de um navio negreiro, estão perdidos em uma ilha secreta

Sobreviventes: situação de estranhamento -  (crédito:  Panda Filmes)
Sobreviventes: situação de estranhamento - (crédito: Panda Filmes)

Muitas são as curiosidades nos bastidores desta coprodução entre Brasil e Portugal que marcou o fim da carreira do cineasta luso-brasileiro José Barahona (morto em 2024), dono de formação multicultural. Além da trilha sonora assinada por Philippe Seabra, e que conta com toques de Milton Nascimento, o filme desponta com elegante direção de fotografia criada em preto e branco. Feito em colaboração com o escritor  angolano José Eduardo Agualusa, o roteiro avança por situação que causa enorme estranhamento: brancos, a partir da metade do enredo, tornam-se escravos de africanos.

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Localizado em meio ao Oceano Atlântico (sem precisão de localidade, mas com filmagens realizadas na praia portuguesa da Carriagem), depois de naufrágio de navio negreiro, o filme, no conjunto, traz personagens pretos desenvolvidos sem muita profundidade. Os mais proeminentes são Vissolela (Zia Soares) e o apaziguador João Salvador (Allex Miranda).

No mais, com alguns lapsos na qualidade do som, o filme contrapõe tradição (de onde entram danças e cantos) e o iminente conflito racial; e apresenta uma conclusão pouco significativa (em comparação ao novo clássico Triângulo da tristeza, ao qual suscita). Num primeiro momento do filme, a tensão (mais sólida) concentra-se nas figuras do traiçoeiro Gregório (Roberto Bomtempo), do fidalgo Mendes (Miguel Damião), do religioso Angelim (Hugo Azevedo) e de Inês (Kim Ostrowskij), que carrega a particularidade da gravidez.

 


postado em 25/04/2025 13:26
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