
A trajetória de Karol Conká, um dos nomes mais marcantes do rap nacional, é construída com versos, resistência e reinvenções. Aos 39 anos, a curitibana Karoline dos Santos de Oliveira comemora um quarto de século de estrada artística, revivendo memórias e revelando planos com a mesma ousadia que a levou aos holofotes da música brasileira. As informações são do jornal O Globo.
Desde os seis anos, Karol já dava sinais de que sua vida teria ritmo e poesia. Ainda criança, criava poemas para o pai e os transformava em canções improvisadas. Em casa, o ambiente musical era plural — do samba ao reggae —, mas foi na energia contestadora do rap que ela encontrou o seu verdadeiro lugar. “Era como se o rap me chamasse para um duelo. Tinha algo ali que provocava minha rebeldia, que pedia minha presença. E eu fui”, reflete.
Ao longo de sua carreira, Karol não apenas abriu portas para outras mulheres no hip hop, como construiu um discurso poderoso sobre identidade, liberdade e representatividade. Ela reconhece que sua voz, muitas vezes silenciada no ado, hoje ecoa para além dos palcos: “Descobri cedo que falar era meu dom. E percebi que minha fala representava outras tantas que não conseguiam ser ouvidas”.
Em celebração aos 25 anos de estrada, Karol prepara um novo álbum — ainda em processo criativo — que trará colaborações inéditas, incluindo uma participação especial de Marina Sena. A artista adianta que o disco será mais plural, com espaço para parcerias e novos produtores. “Chegou o momento de mostrar outras camadas da minha musicalidade. Tenho vivido muito para me inspirar, e esse álbum vai refletir isso”, afirma.
Além das faixas inéditas, o novo projeto trará temas que vão além da resistência, marca registrada de sua discografia. Desta vez, a rapper quer explorar emoções como saudade, lealdade e vulnerabilidade. “Ser forte também é permitir-se sentir. Chorar, amar, cair. Isso também é resistência”, diz ela, que defende o poder de se mostrar por inteiro — inclusive nas fragilidades.
A relação com os fãs também é destaque em sua jornada. Karol fala com carinho de sua base de seguidores, com quem mantém uma troca afetuosa e honesta. “Eles me conhecem. Sabem da minha personalidade e da minha intensidade. A gente se ajuda a crescer, sem pressão, com muito afeto”, conta.
Apesar da experiência intensa no Big Brother Brasil 21 — marcada por altos e baixos —, Karol encara o episódio como parte de seu processo de amadurecimento. “Hoje, sou lembrada com carinho. Tem meme, tem afeto, tem reflexão. Foi um divisor de águas na minha vida, e tudo bem ser lembrada por isso. Eu cresci ali também”, reconhece.
A maternidade também ocupa um espaço especial em sua vida. Orgulhosa, ela acompanha de perto os primeiros os do filho Jorge Conjota, de 19 anos, no mundo da música. “Ele tem uma voz linda e já tem várias faixas gravadas. Estou ajudando como posso, sou sua maior fã e mentora.”
Mesmo com tanto já vivido, Karol segue sonhando alto. Planeja uma turnê internacional e nutre o desejo de, um dia, abrir sua própria agência para apoiar artistas com o cuidado que acredita ser essencial. E, por que não, sonhar com um feat com Rihanna? “A gente sonha mesmo. E quem sabe, né?”, diz, rindo.
Ao ser questionada sobre os conselhos que daria a meninas que desejam entrar no rap, ela é direta: “Acredite em si mesma. Estude o negócio da música. E, principalmente, tenha coragem para seguir mesmo quando criticarem”.