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O mordomo é o culpado? Veja o que diz Luis Salém, o Eugênio de 'Vale tudo'

Luís Salém retorna às novelas como o mordomo Eugênio no remake de 'Vale tudo' e comenta sobre o tempo que ficou afastado das novelas. "Na televisão, a gente depende mais de um convite do que da nossa vontade", afirmou o ator veterano em entrevista

Luís Salém, ator -  (crédito: Nanda Araújo/Divulgação)
Luís Salém, ator - (crédito: Nanda Araújo/Divulgação)

Após mais de uma década longe das novelas da Globo, Luís Salém está de volta à emissora em um projeto especial: o remake de Vale tudo, novela icônica de Gilberto Braga (1945-2021) que está sendo atualizada por Manuela Dias como parte das comemorações dos 60 anos da Globo. Na nova versão do sucesso de 1988, o ator de 61 anos interpreta o mordomo Eugênio, papel originalmente vivido por Sérgio Mamberti (1939-2021).

Salém se disse honrado com o convite e empolgado por integrar o elenco da produção. "Sinto muito orgulho de fazer parte desse projeto e agradeço por receber a missão de recriar o Eugênio, personagem tão marcante na versão original. É uma alegria imensa voltar a atuar na tevê ao lado de uma turma incrível", afirmou o ator veterano ao Correio.

Sua última novela havia sido Aquele beijo (2011) e, desde então, sua participação na televisão se limitou a programas como Zorra. Sobre o afastamento das tramas dramáticas, Salém explicou que o trabalho na TV aberta depende mais de convites do que da vontade do ator.

"Eu acho que, na televisão, a gente depende mais de um convite do que da nossa vontade. A gente pode ter vontade de fazer, mas a gente está sempre esperando um convite, um autor lembrar de você, escrever um papel, achar você adequado para aquele papel ou você ser chamado para um teste de algum personagem, não depende muito da nossa vontade. A gente pode fazer, por exemplo, teatro, a gente pode produzir, a gente pode inventar, correr atrás e bancar por muitas vezes o nosso trabalho. Na tevê aberta é muito difícil. E esse chamado, enfim, chegou agora através desse convite de Manuela Dias. Mas eu sempre quis estar fazendo televisão, a gente sempre quer trabalhar, mas é isso, depende sempre de um convite", comentou.

Conhecido por seus papéis cômicos, Salém revelou que a comédia sempre foi sua praia. "Eu acho que eu me identifico como um comediante, como uma pessoa... Eu já fiz no teatro personagens mais densos, mais dramáticos, mas a minha praia mesmo é a comédia, onde eu me sinto mais à vontade", disse.

Para o novo Eugênio, o ator contou com um mês de preparação ao lado de outros profissionais. Ele destacou que a versão atual traz personagens mais humanizados. "O Eugênio não está mais falando tanto de cinema, mas tem uma relação mais afetuosa, mais ligada à Dona Heleninha, à família, à Dona Celina. Ele está desenvolvendo isso. Não é que não houvesse na primeira versão, mas eu acho que o Manu está investindo mais nesse sentimento, nessa relação".

Sobre o mistério em torno do assassinato de Odete Roitman (agora vivida por Débora Bloch), Luís Salém não esconde seu desejo. "Quando a gente faz uma novela, Deus é o autor. Ele que determina o destino do teu personagem. O objetivo específico para o Eugênio, eu espero que ele seja feliz, que ele consiga ir na disputa de quem matou o Odete Roitman, quem sabe.", brincou.

Sobre sua interpretação, Salém espera que o público se identifique com seu trabalho, mas ressalta que a leveza adquirida em programas de humor pode ser um diferencial. "Acho que o humor, a comédia, ela tem várias vertentes, então a gente trabalhando com humor, a gente busca essa leveza, eu busco essa leveza na minha vida, acho que é legal que a gente, que eu possa levar um ar mais leve para os personagens, e acho que sim, tudo na vida tem dois lados, nada na vida é só de uma coisa", explicou.

Quanto aos planos futuros, o ator adiantou que pretende retomar seu trabalho social em Salvador, onde vive há oito anos. Na ONG Projeto Axé, ele capacita jovens da periferia para o audiovisual e a interpretação. "É um projeto que me gratifica muito. Quando a novela acabar, volto a me dedicar a ele. Mas, claro, se surgirem novos convites para TV, cinema ou teatro, estou sempre aberto", finalizou.

  • Luís Salém, ator
    Luís Salém, ator Nanda Araújo/Divulgação
  • Luís Salém, ator
    Luís Salém, ator Nanda Araújo/Divulgação

Entrevista | Luís Salém

Como você se sentiu ao retornar a esse formato de trabalho?

Foi muito bom receber o convite de Manuela Dias, autora do remake de Vale tudo. Senti-me honrado e sinto muito orgulho de fazer parte desse elenco e agradeço por receber a missão de recriar o Eugênio, mordomo dos Roitman, personagem de Sérgio Mamberti, na versão original. A alegria imensa de voltar a atuar na tevê e ao lado dessa turma incrível. 

Sua última novela foi Aquele beijo, em 2011. Por que ficou tanto tempo longe do gênero? 

É realmente minha última novela foi em 2011 e eu continuei participando do Zorra total quando acabou. E a ligação com tevê só continua ainda no programa da Mônica Martelli, Os homens são de Marte... e é pra lá que eu vou, mas novela mesmo foi a última de Miguel Falabella, em 2011. Eu acho que a televisão a gente depende mais de um convite do que da nossa vontade. A gente pode ter vontade de fazer, mas a gente está sempre esperando um convite, um autor lembrar de você, escrever um papel, achar você adequado para aquele papel ou você ser chamado para um teste de algum personagem, não depende muito da nossa vontade. A gente pode fazer, por exemplo, teatro, a gente pode produzir, a gente pode inventar, correr atrás e bancar por muitas vezes o nosso trabalho. Na tevê aberta é muito difícil. Atualmente com streaming, mais possibilidades de trabalho, os convites podem aparecer mais frequentemente, mas para a televisão a gente sempre, não só eu como todos os atores, a gente depende sempre de um chamado. E esse chamado, enfim, chegou agora através desse convite de Manu, de Manuela Dias. Mas eu sempre quis estar fazendo televisão, a gente sempre quer trabalhar, mas é isso, depende sempre de um convite.

Você é conhecido por seus papéis em programas de humor. Esse caminho foi uma escolha ou aconteceu naturalmente? 

Eu acho que eu me identifico como um comediante, como uma pessoa... Eu já fiz no teatro personagens mais densos, mais dramáticos, mas a minha praia mesmo é a comédia, onde eu me sinto mais à vontade. E eu acho que é uma coisa que veio comigo, desde que eu me entendo como ator, a identificação com a comédia. Foi a minha escola. Eu sempre irei os comediantes desde menino e busquei desenvolver o meu trabalho nessa onda mesmo da comédia, do fazer rir. Você me pergunta se foi uma escolha. Eu acho que aconteceu naturalmente. Eu acho que eu fui me percebendo assim e sendo percebido dessa forma também, sendo visto dessa forma, como um comediante, como um cara ligado ao amor. O que sempre me agradou muito, sempre me deixou muito feliz essa visão dos outros e a minha vontade de trabalhar com comédia.

Qual é o seu processo de criação para o Eugênio, interpretado por Sergio Mamberti em 1988?

O meu processo de criação foi ajudado lá porque tivemos preparação de ator com vários profissionais, e tivemos quase que um mês de preparação. Eu me preparei para criar o Eugênio. Estou tentando colocar características minhas. Acho que nessa versão, não só o Eugênio, como vários outros personagens estão sendo mais humanizados. O Eugênio não está mais falando tanto de cinema, mas tem uma relação mais afetuosa, mais ligada à Dona Heleninha, à família, à Dona Celina. Ele está desenvolvendo isso. Não é que não houvesse na primeira versão, mas eu acho que o Manu está investindo mais nesse sentimento, nessa relação. E tem que aguardar. Quando a gente faz uma novela, Deus é o autor. Ele que determina o destino do teu personagem. Ele que sabe o que vai acontecer. Manuela disse lá anteriormente que tinha planos para o Eugênio, que eu não sei quais são. Eu não recebi os capítulos, mas ele vai ter uma vida dele pessoal.

O que você espera que o público tire de sua performance em Vale tudo? Você tem algum objetivo específico para seu personagem?

Como eu falei anteriormente, o objetivo específico, eu espero que ele seja feliz, que ele consiga ir na disputa de quem matou o Odete Roitman, quem sabe. É o que eu espero, eu espero que o público se identifique com o meu personagem, goste do meu trabalho. Mas, a gente está esperando sempre o texto da nossa autora, que é quem comanda a vida desses personagens, que é quem determina o que vai acontecer, e a gente não sabe muito o que vai acontecer com ele. Acho que ninguém sabe. A gente sabe que numa novela, tudo no final vai acabar com um casamento, um nascimento, uma prisão. A gente sabe disso, mas a gente não sabe quem. Acho que o Manu não revelou ainda quem matou a Odete, imagina. É tudo meio... Ela está determinando lá, ela está escrevendo, ela está fazendo, e a gente vai, eu assim como o público, a gente fica na expectativa de descobrir como é que vai ser esse novo Vale Tudo. 

Você acha que a sua experiência em programas de humor o ajudou a desenvolver uma certa "leveza" em sua atuação, que pode ser útil em uma novela tão densa?

Acho que sim. Acho que o humor, a comédia, ela tem várias vertentes, então a gente trabalhando com humor, a gente busca essa leveza, eu busco essa leveza na minha vida, acho que é legal que a gente, que eu possa levar um ar mais leve para os personagens, e acho que sim, tudo na vida tem dois lados, nada na vida é só de uma coisa, assim, você não... Na vida real, que eu estou falando, você é alegre, você é triste, você é leve, você é denso, e na novela a gente tenta fazer isso, e acho que o fato de eu ser um comediante, de eu trabalhar nesse diapasão do humor me ajuda um pouco, eu sempre tento dar uma leveza, não uma frivolidade, não uma jogar fora, mas fazer os sentimentos de verdade, ser verdadeiro no personagem, que é o mais importante na nossa interpretação numa novela, que a gente seja real, que a gente tente ser o mais verdadeiro possível dentro daquela verdade daquele personagem. 

Quais são os seus próximos projetos como ator? Você tem algum plano para continuar trabalhando em novelas ou pretende explorar outros formatos? 

Eu faço um trabalho, eu vivo na Bahia já há oito anos, lá eu tenho um trabalho que eu desenvolvo de capacitação de jovens da periférica de Salvador, dentro da ONG Projeto Axé, a gente trabalha capacitando esses jovens para o mercado, do audiovisual para a interpretação, é um trabalho que me dá muita alegria poder fazer ele, trabalhar com isso lá em Salvador. Provavelmente, quando a novela acabar, eu retomo o meu projeto lá social em Salvador, que é o que tem me mantido feliz, alegre, contente e vivendo e trabalhando nesses últimos anos pós-pandemia, um trabalho que me gratifica demais, que eu me sinto muito realizado, muito feliz e eu quero retomar. Em relação a voltar para a TV, é como eu te falei, se pintar um outro convite, eu estou sempre disponível, disposto a trabalhar e continuar onde estiver, mas a gente vai levando, vamos aí, vamos seguindo. vontade, a gente sempre, como eu te falei, eu sempre tenho vontade de trabalhar em cinema, teatro, televisão, circo, quem atua trabalha onde tiver que trabalhar, vai para onde tiver fazer o que fazer e juntamente a isso, esse trabalho que eu desenvolvo na Bahia, em Salvador, no projeto Axé, que com certeza eu retomo para continuar com ele por lá.

postado em 11/05/2025 08:00
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