
Pode até não parecer, mas o chão que te sustenta neste momento não é tão fixo assim. Os seis continentes que formam o planeta Terra se movem constantemente — e tem alguns que são mais velozes. De acordo com o site de divulgação científica IFLScience, a Austrália se desloca cerca de sete centímetros para o norte a cada ano. Esse número, algo semelhante à taxa de crescimento de fios de cabelo ou unhas, faz com que o país, que repousa sobre uma placa tectônica, seja o bloco continental que se mova mais rápido no planeta.
Segundo o Serviço Oceânico Nacional dos Estados Unidos, as massas terrestres da Terra se movem cerca de 1,5 centímetro por ano. Isso faz com que a placa tectônica que carrega a Austrália — a indo-australiana — caminhe, anualmente, uma distância de quatro a cinco vezes maior que os outros blocos de terra.
Se continuar nesse ritmo, é possível que, em algumas dezenas de milhões de anos, a placa indo-australiana — que inclui, além da Australia continental, a ilha da Tasmânia, partes da Nova Guiné e da Nova Zelândia e a bacia do Oceano Índico — colida com a base da eurasiana, ao redor do sudeste asiático e da China.
A eventual colisão formaria uma nova matriz continental, apelidada de Austrásia e não muito diferente de uma configuração terrestre que já ocorreu há cerca de 200 milhões de anos, depois da Pangeia: a Gondwana.
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Se a Pangeia era a junção de todos os continentes da Terra conhecidos hoje, a Gondwana tratava-se de uma das placas que se formou após a divisão da Pangeia e reunia cerca de 65% das massas continentais — entre elas América do Sul, África, Austrália, Antártica e Índia — e a maior parte do Hemisfério Sul.
Segue o fluxo
Atualmente, os continentes do planeta, mesmo separados, seguem em estado de fluxo. Apesar de não ser possível senti-las na maioria das vezes, as placas tectônicas estão em constante movimento, o que faz com que a Terra não seja tão sólida quanto parece — uma vez que as massas terrestres dela possam colidir ou se afastar.
Essas mudanças, mesmo que progridam como o crescimento de um fio de cabelo, causam confusão em tecnologias como o GPS — que usam satélites para determinar localizações em relação a pontos de referência conhecidos, a partir de sistemas de coordenadas fixas.
A coordenada fixa, obviamente, não acompanha o deslocamento da massa terrestre. Assim, uma incompatibilidade entre mapas e localizações reais pode ser observada ao longo do tempo.
De acordo com o IFLScience, até 2017 a Austrália usava coordenadas de 1994 — o que fazia com que elas estivessem, por 23 anos, 1,6 metro fora de sincronia com a placa tectônica.
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