
O Zoológico de Brasília foi fechado após um pombo e um irerê — espécie de marreco — serem encontrados mortos nas dependências do local. A suspeita é de que os animais estavam com gripe aviária, por isso, o local ficará fechado ao público temporariamente até que as suspeitas sejam descartadas. Numa ação rápida, todos os visitantes foram retirados do local, assim que surgiu a suspeita. Amostras dos animais foram recolhidas pela Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF) e enviadas ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para análise.
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O fechamento preventivo segue os protocolos de biossegurança e tem como objetivo proteger a saúde dos animais, dos colaboradores e dos visitantes. A reabertura do parque será avaliada assim que os resultados laboratoriais forem concluídos e não houver risco à saúde pública. A Seagri-DF é o órgão responsável pela sanidade animal no DF e conduzirá toda a investigação, seguindo os protocolos nacionais desenvolvidos pelo Ministério da Agricultura.
As aves encontradas não fazem parte do plantel do zoológico e circulavam pelo local em razão da oferta natural de abrigo, água e alimento. "O Zoológico de Brasília monitora constantemente a saúde de todos os seus animais e mantém protocolos rigorosos de investigação em casos de óbito", informou a istração do local.
Até o momento, nenhum caso de gripe aviária foi registrado no DF. De acordo com a última atualização do de Investigação da Síndrome Nervosa das Aves, realizado pelo Serviço Veterinário oficial do Mapa, há sete casos em investigação no Brasil, hoje, e dois focos confirmados, um em Minas Gerais e outro no Rio Grande do Sul.
A Seagri-DF reforça que não há risco à saúde humana no consumo de carne de frango e ovos devidamente inspecionados. A gripe aviária não é transmitida por meio da ingestão desses alimentos cozidos, mesmo quando provenientes de áreas afetadas. A transmissão do vírus ocorre apenas por contato direto com aves vivas infectadas, sendo o risco de infecção humana considerado baixo.
Doença
A variante que está circulando no mundo nos últimos anos é a H5N1, causadora da influenza aviária altamente patogênica (IAAP) e tem uma taxa de letalidade elevada em humanos, em casos de contaminação direta. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 50% das pessoas que pegam a doença morrem. Desde 2003, foram reportados cerca de 1.000 casos humanos em 24 países, associados ao contato com aves silvestres ou domésticas infectadas.
Doutor em saúde pública e coordenador do curso de medicina veterinária da Universidade Católica de Brasília (UCB), José Roberto Pinho explicou que são raros os casos de humanos que pegam a doença e geralmente ocorrem por contato direto com aves infectadas. "Os sintomas incluem febre alta, tosse, dor de garganta, dificuldade respiratória e, em casos graves, pneumonia. O tratamento envolve antivirais como o Oseltamivir. A doença pode ser fatal, caso o isolamento e atendimento hospitalar não ocorra rapidamente", detalhou o especialista.
Evacuação
eando com a família no Zoológico, ontem, Joan Kirui, e o pai, Paul Kirui, saíram do Quênia há quatro meses para ear pelo Brasil. Eles não tinham conhecimento da existência da doença no país. "Nós não sabíamos da gripe aviária, chegamos por volta das 11h aqui, então ficamos por um tempo até o local evacuar", disse. "Nós sentimos muito pelo Brasil, desejamos melhoras e que se livrem logo dessa doença" acrescentou Paul.
O advogado Rodrigo Palomares e família moram no Mato Grosso e foram pegos de surpresa pelo anúncio da evacuação. Viemos trazer nosso filho para as atrações aqui, e o guarda, muito educado, chegou lá e pediu para nós nos retirarmos, falando que haveriam reembolsos da taxa que foi paga pela gente. Ele disse que não poderia dar maiores detalhes, porque não era para ter pânico, apenas para se retirar do zoológico imediatamente." contou. "Ficamos sabendo do motivo, aqui na portaria. O sentimento que fica é de tristeza, porque nós viemos de longe, são mais de 1.400km de distância", lamentou Rodrigo.
Aproveitando o tempo entre um voo e outro, os amigos de Goiânia Jean Carlos, atendente; Rafael Barbosa, Rainara Martins, Emily Gomes, Lucas Ferreira Coelho e Fabrício Castro, empresários, estavam em destino para Maceió. Como a conexão era só à noite, aproveitaram para vir ao zoo, entretanto, foram surpreendidos pela evacuação. "Decidimos visitar alguns pontos turísticos. Ouvimos falar muito bem do zoológico, que tem animais exóticos", ressaltou Rafael Barbosa.
O foco do grupo era o serpentário e, quando estavam por lá, foram abordados por seguranças que pediram o esvaziamento do local. "Eles não falaram o motivo, mas pediram para a gente sair. Pensamos até que algum animal tinha escapado, mas o segurança falou que estava limitado a ar informações" disse Rafael.
Tire dúvidas
O que é gripe aviária?
Influenza aviária (IA), também conhecida como “gripe aviária”, é uma doença viral altamente contagiosa que afeta principalmente aves, em sua maioria silvestres (terrestres ou aquáticas), mas pode atingir também as aves domésticas e de produção comercial. Recentemente, a doença foi identificada em mamíferos marinhos, como leões e lobos marinhos.
É uma doença grave?
Atualmente, existem vários subtipos do vírus da influenza aviária, que são classificados como influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) ou influenza aviária de baixa patogenicidade (IABP). A maioria dos subtipos são caracterizados como de baixa patogenicidade. Mas aqueles considerados de alta patogenicidade (IAAP), em especial o subtipo H5N1, podem trazer graves consequências para a saúde animal, a economia e para o meio ambiente.
O Brasil tem casos de H5N1?
Depois de circular por mais de 20 anos no mundo, a gripe aviária H5N1 teve o primeiro caso registrado no Brasil, em 15 de maio de 2023, sendo a grande maioria dos focos identificados em aves migratórias. Não há registro da doença em aves de produção comercial no país.
Como a gripe aviária é transmitida?
Em geral, a introdução da doença em um país ou região ocorre por meio das aves migratórias, que, na maioria das vezes, podem ser mais resistentes ao vírus e não adoecer, mas mantêm a capacidade de transmitir a IAAP para outras aves e, assim, de propagar a doença até as criações de aves comerciais e de subsistência. O contato direto ou indireto de aves silvestres infectadas com as aves domésticas ou de produção comercial é a principal fonte de surtos da doença na avicultura comercial ou de subsistência. As formas de transmissão são o contato direto com secreções de aves infectadas, especialmente fezes, secreções respiratórias das aves infectadas, água, ovos quebrados ou carcaças de animais mortos, o que inclui o contato de aves domésticas com aves aquáticas e migratórias que sejam portadoras de vírus.
Quais são os principais sintomas da gripe aviária?
Um dos principais alertas nas infecções de aves com o vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) é uma taxa de mortalidade alta e súbita, sem apresentação de sinais clínicos. Quando esses podem ser identificados, destacam-se os seguintes sintomas: dificuldade de voo, perda da coordenação motora, pescoço torto.
A gripe aviária pode afetar humanos?
A transmissão do vírus da influenza aviária de aves para humanos é rara. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), foram notificados mais de 880 casos em humanos no mundo desde 2003, mas nenhum deles no Brasil, ou seja, não há registro de casos de gripe aviária em humanos no país. A infecção direta pode ocorrer a partir da exposição a secreções, aerossóis ou fezes de aves infectadas. Pessoas sem uso de equipamento de proteção individual, com contato próximo ou prolongado com aves infectadas ou locais contaminados por aves infectadas podem estar em maior risco de infecção pelo vírus da gripe aviária.
A gripe aviária compromete o consumo de carne de frango e ovos?
A doença não pode ser transmitida pela carne de aves e nem pelo consumo de ovos. Nesse sentido o consumo da carne de aves e ovos é totalmente seguro. Não há dados epidemiológicos que sequer indiquem que a doença possa ser transmitida ao homem por meio de alimentos cozidos. Isto é relatado por todos os órgãos internacionais de saúde animal e humana, como OMS, FAO, USDA, OMSA e outros.
Fonte: Ministério da Agricultura
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira
Saiba Mais

Mila Ferreira
RepórterJornalista graduada pelo IESB e pós-graduada em Direitos Humanos, Responsabilidade Social e Cidadania Global pela PUC-RS. Experiência como roteirista e assessora de comunicação pública e corporativa. Repórter na editoria de Cidades do Correio Braziliense