
O Lar Francisco de Assis (LFA), instituição que há décadas acolhe idosos no Distrito Federal, vive uma das maiores crises de sua história. Com o fornecimento de energia elétrica suspenso por uma dívida superior a R$ 60 mil junto à Neoenergia, a casa enfrenta um colapso istrativo. O presidente renunciou ao cargo alegando problemas psicológicos e, desde então, familiares dos residentes vêm se mobilizando para manter o local em funcionamento e garantir assistência aos cerca de 37 idosos que vivem na unidade.
O corte de luz escancarou os problemas financeiros da instituição. De acordo com a Neoenergia, o débito total do LFA soma R$ 60.528 mil, referentes a seis faturas em atraso. Segundo Leandro Herbert, advogado com experiência em instituições sem fins lucrativos e ex-presidente da casa, apesar das dificuldades, os idosos assistidos pela entidade não ficaram desamparados. Um gerador alugado tem garantido o funcionamento mínimo da estrutura. No entanto, o custo diário de R$ 3 mil está se tornando insustentável.
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Desde a renúncia do presidente, pessoas da comunidade, familiares e ex-colaboradores têm se mobilizado. Neste sábado (10/5), a conta bancária da instituição contava com cerca de R$ 23 mil, valor informado por Leandro Hebert. "Tem gente doando mil reais, cem reais, quinhentos reais. Vamos fazer agora à tarde o levantamento de quanto já temos. É uma aventura e tanto, mas precisamos fazer alguma coisa e recuperar esse lugar", disse ao Correio.
O grupo de familiares está organizando uma assembleia extraordinária. O objetivo é formar um conselho gestor provisório que possa assumir temporariamente a istração da casa, elaborar um plano de recuperação e apresentá-lo ao Ministério Público do Distrito Federal e à Promotoria de Justiça da Pessoa Idosa.
Estrutura
A instituição, fundada em 1982, já funcionou com apoio de subvenções públicas e isenções fiscais, mas perdeu esses benefícios ao longo dos anos. Com a estrutura física defasada e sem recursos suficientes, a Vigilância Sanitária e o Ministério Público determinaram a interdição para novas issões, reduzindo a capacidade de arrecadação da casa. Atualmente, com 37 idosos, muitos com Alzheimer ou mobilidade reduzida, a mensalidade média de R$ 3 mil paga pelas famílias não cobre os custos operacionais. "Mesmo quando tinha 50 idosos, o valor arrecadado não cobria todas as despesas", lamentou o advogado.
Enquanto isso, cresce a apreensão quanto à possibilidade de fechamento definitivo da unidade. O Ministério Público oficiou sobre a situação, mas ainda não há decisão judicial definitiva. “Há um encaminhamento para fechamento, mas isso precisa ser julgado. Porém, a interrupção do fornecimento de energia inviabiliza qualquer funcionamento”, ressaltou.
Em nota, a Neoenergia informou que apesar da dívida ser alta, há possibilidade de negociar os valores em atraso. "Para que o fornecimento de energia seja restabelecido, é necessário que o cliente realize a negociação com a distribuidora para pagamento da dívida", ressaltou.
Como ajudar
Leandro Herbert colocou-se à disposição como interlocutor dos familiares com os órgãos públicos e também com a sociedade civil. Interessados em ajudar podem entrar em contato pelo telefone (61) 99214-1518. “Estamos recebendo doações, ajuda com obras, mão de obra, materiais. Quem quiser contribuir, seja qual for a forma, será bem-vindo. O que não podemos é deixar esses idosos desamparados”, concluiu.