Crime bárbaro

Thalita lutou contra o vício e reconstruiu sua vida antes do crime

Segundo a família, o uso de cocaína acontecia esporadicamente em festas. No entanto, preocupada com sua saúde e bem-estar, Thalita optou por se afastar completamente da substância e se dedicar a um novo estilo de vida

O uso da droga acontecia esporadicamente em festas, sem caracterizar um vício severo -  (crédito: Reprodução/Redes sociais)
O uso da droga acontecia esporadicamente em festas, sem caracterizar um vício severo - (crédito: Reprodução/Redes sociais)

Thalita Marques Berquó Ramos, 36, havia travado uma batalha contra o uso de cocaína e a família chegou a sugerir que ela buscasse ajuda em uma clínica de reabilitação no final de 2023. E assim Thalita fez. A mãe e a tia contaram que Thalita não fazia uso contumaz do entorpecente.

O uso da droga acontecia esporadicamente em festas, na companhia de amigos, sem caracterizar um vício severo, segundo a família. No entanto, preocupada com sua saúde e bem-estar, ela optou por se afastar completamente da substância e se dedicar a um novo estilo de vida. "Ela quis mudar por conta própria. Foi uma decisão dela, e ela se esforçou muito para isso. A recuperação foi tão efetiva que o pessoal da clínica se surpreendeu", afirmou a mãe de Thalita, que pediu para ter o nome preservado. 

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Desde agosto de 2024, a jovem não fazia mais uso da droga e chegou a se matricular em aulas de luta, buscando mais disciplina e um novo foco. "Ela estava bem animada com a nova rotina. Estava realmente empenhada em deixar essa fase para trás", completou a tia.

A família relata que Thalita demonstrava orgulho de sua recuperação e fazia planos para o futuro. Sua ida ao Guará 2, onde acabou sendo assassinada, teria sido um episódio isolado, e os parentes ainda tentam entender o que a levou ao local. "Ela já tinha superado essa fase. Não entendemos o que aconteceu naquele dia", lamentou a mãe.

O crime

Thalita Marques Berquó Ramos, de 36 anos, foi morta no dia 13 de janeiro, num caso envolto em mistério. Os criminosos esfaquearam Thalita e jogaram uma pedra sobre seu rosto. Em seguida, esquartejaram o corpo e o descartaram em diferentes pontos da cidade. A cabeça e uma perna foram encontradas em 14 de janeiro, na Estação de Tratamento de Esgoto da Companhia Ambiental de Saneamento do DF (Caesb), na Avenida das Nações. Já em 17 de março, o tronco e a outra perna foram localizados enterrados em uma área de mata no Parque Ezequias, no Guará 2. O crime chocou a capital pela violência e pela forma como o corpo da vítima foi descartado.

O crime permaneceu sem respostas concretas ao longo de três meses, tempo que a Polícia Civil (PCDF), por meio da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), levou para chegar aos assassinos: um homem de 36 anos e de dois adolescentes, de 15 e 17 anos, envolvidos no homicídio, ocorrido no Guará. Um dos menores foi apreendido em 28 de março, enquanto o outro segue foragido. O maior de idade já estava preso no Complexo Penitenciário da Papuda por outro homicídio, cometido em dezembro, e teve um novo mandado de prisão expedido pelo assassinato de Thalita.

Segundo a investigação, o crime ocorreu, após um desentendimento com os suspeitos. No fim de semana anterior, ela participou de festividades com amigos no Guará e, na segunda-feira de manhã, pegou um transporte por aplicativo até um prédio no Guará 2. Segundo as investigações, a mulher foi até uma área de invasão para comprar drogas. Durante a transação, entregou o celular como forma de pagamento, mas, ao pedir o aparelho de volta, houve um desentendimento que culminou em sua morte.

As confissões dos envolvidos permitiram que os investigadores localizassem o restante do corpo da vítima. A PCDF acredita que Thalita foi brutalmente espancada antes de ser morta e esquartejada. A cabeça dela apresentava pelo menos seis facadas no rosto, além de hematomas e outras lesões.

postado em 01/04/2025 10:38 / atualizado em 01/04/2025 10:42
x